quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Nossa natureza

Não é preciso observar uma pessoa por muito tempo para conseguir descobrir quais são as suas prioridades. Com efeito, as pessoas não costumam conseguir observar nem mesmo um palmo a frente do nariz quando pensam naquilo que realmente importa para elas, e o que é importante para cada um parece variar a partir do senso de proporção mais ou menos deteriorado que as pessoas possam ter. 

Homens frequentemente colocam a vontade e os caprichos toscos das mulheres como prioridades, se tornam escravos daquelas que eles desejam conquistar, seja conscientemente ou numa esperança tão profunda que sequer é verbalizada, nem mesmo mentalmente, mas ainda é fácil observar quando um homem sonha em capturar o coração de uma mulher. A atenção que os homens dão as mulheres é um escândalo merecedor do título da maior vergonha que a humanidade poderia cometer.

É da natureza do homem ser iludido, e é da natureza da mulher iludir, desde o Éden, enganar, ludibriar e trazer, como pagamento pelos seus pecados, o suor, o trabalho e, no fim das contas, a morte. São elas como a serpente do engano, que seduzem com seu olhar doce e fazem dos homens seus escravos miseráveis, já sem vontade, como reféns do titereiro. Uns escravizados, outros escravizando para que lhes façam a sua vontade. São patéticos. 

De minha parte, não posso dizer que estou excluído disso, já que as vezes que fiz algo assim para um homem também são numerosas, o que só confirma a regra: os homens são patéticos em virtude daquilo que querem conquistar, abandonando toda razão e se entregando a uma cordialidade que nada mais é do que um travestir dos seus desejos mais animalescos e bestiais. Ser homem é ser refém dos seus apetites, é estar buscando a todo momento um estímulo, um prazer, algo que seja uma fuga constante e duradoura da realidade dura e cruel com a qual ele é inevitavelmente obrigado a se confrontar ao acordar. A realidade, como disse, se apresenta uma e outra vez mais dura que o aço frio de uma lâmina a perfurar o coração e a alma a cada nova manhã. 

E infelizmente a realidade se apresenta impreterivelmente como uma muralha de aço, intransponível, que se opõe frontalmente a toda e qualquer vontade, e por isso mesmo o homem só vive para buscar o seu prazer, cruzar a barreira e buscar afeto a todo e qualquer custo. Essa nossa natureza é patética e digna de pena, os homens são criaturas patéticas e dignas de pena. 

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