quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Diante

O que aprendi até agora, em breves anos de vida, comparados a grandes mestres intelectuais que, tendo três ou quatro vezes a minha idade já haviam marcado seu nome na história de uma vez por todas?

Aprendi que, em absoluto, tudo aquilo que planejei, sonhei, deu errado. O homem que eu amava passou a me ver como inimigo por não aprovar aquela que ele escolheu para amar. O homem que escolhi guiar, levando-o ao mesmo caminho que eu mesmo venho trilhando, passou ao caminho mais distante possível do meu e, quando passei a ter sentimentos por ele, também me vi tão distante que já não tinha mais possibilidade de tocá-lo. Ele se tornou famoso e eu, permanecendo no obscurantismo, trago apenas no meu peito a verdade, enquanto ele espalha mentiras e engodos lidos por tantos todos os dias. 

Os planos, bobos é verdade, de viver bem, confortavelmente numa bela casa, num belo bairro, com acesso a cultura e lazer, com uma vida de fato permeada de beleza e valores que aqui são desconhecidos, bom, isso também foi por água abaixo. Vivo num casebre com outras seis pessoas, o dobro do que seria ideal, sem nenhuma beleza, tudo num arranjo feito de qualquer jeito. Estou longe da beleza, longe dos valores, longe da organização. 

Meus estudos estão longe de serem satisfatórios, eu ainda estou muito distraído com o mundo, ainda sem conseguir o foco necessário para viver a solidão contemplativa da intelectualidade ativa. Ainda me importo muito com o outro, ainda me deixo ser levado por coisas que me desviam do correto sentido do dever. A distância objetiva não me assusta, eu não tenho grandes pretensões, apenas penso em compreender onde estou e como as coisas chegaram a esse estado. Mas o subjetivo, o meu espírito, continua titubeando perante os desafios que a realidade me impõe. 

O que aprendi até agora, em breves anos de vida, comparados a grandes mestres intelectuais que, tendo três ou quatro vezes a minha idade já haviam marcado seu nome na história de uma vez por todas? 

Não é muita coisa, praticamente nada, e não vejo no horizonte possibilidades de melhoria, infelizmente preciso de mais maturidade até conseguir contornar a minha verdade individual perante um observador onisciente cujo tudo o que existe é uma prova de sua existência eterna, diante da qual eu reconheço ser eu um nada, tal qual minha pequenez diante do vastíssimo céu e dos astros que brilham. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário