segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Das Fases

Preciso fazer a barba, tirar o excesso de sobrancelha, cuidar da pele e do cabelo. Não tô em crise de depressão mas ela continua aqui, e eu não consigo fazer nada disso, e só vou adiando... Até o meu reflexo me causar tanta ojeriza que já não consiga mais me olhar no espelho. 

O amor próprio se revela nos cuidados, e isso é algo que há muito havia aprendido, quem se ama consegue se cuidar, se tratar melhor e com mais carinho, e isso é muito bonito, mas há muito também eu deixei de me cuidar como deveria pois simplesmente não consigo, seja por falta de forças, durante a depressão, ou de outra forma de disposição que, embora eu tenha durante a hipomania, eu não consigo direcionar completamente ao meu autocuidado. Isso porque a minha fase oposta a depressão não tem a mesma força desta. 

Se a depressão me deixa absolutamente sem reação, incapacitante em todos os sentidos, a hipomania apenas reduz um pouco esse estado, me dando sim um pouco de energia, é verdade, mas não me igualando aos outros, não me tornando apto a fazer tudo o que precisaria fazer para conseguir seguir em frente. Por isso que, se antes eu assistia atônico as tragédias da minha vida, sem conseguir reagir, agora eu assisto atento, mas igualmente sem conseguir reação. 

Estou feliz por estar mais disposto, feliz por conseguir conversar e sorrir sem precisar forçar um músculo sequer da face. Um pouco complicado lidar com o ímpeto dessa fase, que gera desentendimentos por causa daquela paranoia que acompanha a mudança do humor. As dificuldades de interpretação voltam a afastar as pessoas, ninguém consegue ficar perto de um maluco paranoico e que fica nervoso por qualquer coisa. Bom, ossos do transtorno bipolar. Não acho que a depressão tenha algo de bom além da melancolia que me faz escrever, quando pelo menos isso eu consigo, mas essa fase tem seus pontos altos e baixos. Uma mente confusa sempre encontra mais dificuldades em si mesma, o cinza e o preto, o medo e o furor. 

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