domingo, 29 de maio de 2022

Do mar infinito

Noite ansiosa, vislumbres do passado se chocam com perspectivas de um futuro incerto, a sensação de olhar para um oceano de possibilidades é um pouco assustadora, na verdade é como se eu fosse ser engolido por aquela imensidão azul, símbolo do infinito. 

De repente o sono foi espantado para longe e eu me peguei pensando em como será tudo daqui pra frente, quando entrar naquele ônibus para não voltar nunca mais, chegar numa cidade que eu nunca sequer visitei e construir ali o que eu não consegui construir aqui. Tem o peso de todo um futuro que deverá ser e de um passado que já devia ter sido e não foi. Sinto que vou sepultar o que vivi aqui e que, de algum modo, das minhas cinzas renascerá uma nova vida que eu terei de viver lá. Por um lado isso é excitante, mas outro é também muito assustador, pois eu não sei bem o que esperar. 

Mas, na realidade, não estamos todos nessa mesma situação. Mesmo que a maior parte das pessoas não esteja fazendo uma mudança tão drástica assim todos estão sujeitos a mesma experiência de desconhecer o futuro, absolutamente todos. Qualquer um pode acordar com algo que mude completamente sua vida, que deixe tudo de cabeça pra baixo, essa é uma das características mais brutais da realidade: não tenho quase nenhum poder de atuação sobre ela, estamos todos passivos ao cosmos, insetos na palma da mão de um deus. 

Quem sabe eu consiga me encontrar lá de algum modo, bom eu vou ter de me adaptar de um jeito ou de outro, mas espero que eu consiga encontra lá o que eu tanto lutei pra achar aqui, ainda que esteja dentro de mim e eu ainda não consiga ver. Quem sabe uma mudança drástica de ares possa me ajudar a ver coisas que hoje estão turvas pela fumaça do cotidiano, de uma rotina já cansada e pessimista, e isso é o que pode estar me aprisionando e me impedindo de evoluir. 

Quem sabe eu consiga ver um horizonte, pois aqui eu já estou completamente perdido em meios as tempestades, buscando braços que possam me acalmar, mas quanto mais eu corro em meio a tormenta mais perdido eu me vejo. 

Bom, a verdade pura e simples é que eu não sei o que me aguarda. Mas eu também não sei qual pode ser meu futuro aqui, e francamente não enxergo futuro nenhum, então, como bem dizem, qualquer caminho serve pra quem não sabe onde quer chegar, e eu não me envergonho de me confessar perdido, em busca de uma estrela que me guie, então só posso me abrir ao possível, entrar no mar do infinito, e não olhar pra trás onde já sei que não posso mais caminhar. 

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