terça-feira, 31 de maio de 2022

Lembranças do Tofu

Na noite escura o sono me abandonou, e olhando algumas coisas, eu acabei me lembrando daquele sorriso meigo, do jeitinho doce e inocente daquele rapazinho que não sabia como virou humano. Eu me vi mais uma vez lembrando do Tofu, o ursinho que virou menino por um milagre para ensinar ao seu dono o que era o amor. E me venho a mente a imagem dos seus momentos mais célebres, ele que representou tanta virtude, tanta força, tanto amor e que aprendeu logo que ser humano é ser complicado e repleto de dores, mas também é ser capaz de levar amor e conforto ao outro, é poder ficar ao lado de quem se ama e, num abraço apertado, juntar os caquinhos em que se desfizeram o coração de alguém que tanto sofreu que já não acredita mais ser capaz de amar ou ser amado. E então ele, com seu jeito espontâneo, foi ensinando isso a todos ao seu redor. Ele se dedicou a cuidar, amar, a levar um pouco de esperança pra quem já havia se conformado a viver numa realidade cinza e fria, ele trouxe de volta as cores que antes haviam se tornado opacas. Tanto carinho, tanta ternura, tanta inocência mesmo em meio a tanta angústia, mesmo em meio ao medo de não saber qual seria seu futuro, mesmo quando ele entendeu qual deveria ser sua última missão para devolver de uma vez por todas a vida e o amor aqueles que ele amava. 

Eu aprendi muito com aquele ursinho, e pode parecer exagero da minha parte escrever mais uma vez sobre ele, mas a verdade é que nunca antes um personagem havia me marcado tão profundamente. Eu penso nele, na sua jornada, no seu sorriso, todos os dias e todos os dias eu ainda me emociono ao lembrar do seu sacrifício, ao me lembrar de como ele conseguiu reerguer aquela casa que estava destroçada pelos fantasmas do passado, em como ele conseguiu fazer o seu amado voltar a sorrir mesmo vendo tudo ao seu redor desmoronar sem que ele pudesse fazer muito para mudar isso. Não tem como eu não me emocionar, e as lágrimas insistem em retornar, ao me lembrar das lições que ele me ensinou. Não tem como eu me tornar indiferente a essas demonstrações de tão elevado valor. Valores que eu já não conseguia enxergar, esperanças que eu mesmo já tinha visto se extinguirem, e que ele me ensinou a voltar a acreditar. E acho que essa é, talvez, a lição mais importante que o ursinho tenha me ensinado: voltar a acreditar, voltar a ter esperança.

Ele que não deixou de acreditar que podia fazer o Nut feliz, que não deixou de acreditar que Nut podia e queria ajudar sua mãe porque ele a amava realmente e, por mais que doesse, ele ainda queria o seu bem. Ele não deixou de acreditar que Nut era capaz de amar e de ser feliz, superando as dores do passado. Ele não deixou de acreditar nem mesmo diante do seu fim, diante do veneno, porque sabia que a sua morte traria a vida de volta ao Tharn e que isso era maior do que a sua própria existência: não roubar a felicidade do outro mas sim trazê-la de volta. Ele que não se deixou levar pelo egoísmo, mas que fez da esperança o brilho dos seus olhos, e que encheu todos ao seu redor de um calor aconchegante, porque ele era todo amor, e só conhecendo o amor foi isso que ele entregou a todos. 

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