sábado, 14 de maio de 2022

Resenha - Our Days

Contém SPOILERS!

Com tantos lançamentos BLs nos últimos meses é normal que alguns títulos tenham mais popularidade do que outros, mas uma obra que passou praticamente despercebida pela comunidade merece uma chance de mostrar uma boa história. Our Days foi um desses BLs que pouca gente viu ou comentou mas que surpreendeu quem assistiu. 

Nele acompanhamos a história de Mon (o lindíssimo Gap Narongkorn) que entrou numa universidade em Bangkok e vai morar com um amigo de sua cidade que já mora lá. Ele acaba se confundindo com o endereço que seu amigo lhe deu e, por coincidência, entra no apartamento de Soh (Mhing Thatsaphon) que o deixa ficar até que ele consiga contato com o amigo e resolva a situação. Mon então vai pra universidade e quando volta pra casa de Soh o encontra bêbado e, ao levar o novo amigo pra cama, ele beija Mon, que se assusta com a situação.

Depois Mon acaba descobrindo que Soh decidiu entrar na mesma universidade que ele, mas ele já não quer mais a proximidade do homem que o ajudou por causa do beijo, e então Soh começa a ir atrás dele para se desculpar.

Mais tarde somos apresentados a Saint (Offroad Kantapon, outro gato), antigo amigo de Mon e que tem um passado com ele e o basquete. Mon a princípio se recusa a jogar no time do seu curso mas Soh e um antiga rivalidade acaba convencendo-o a retornar pro esporte que ele abandonou e que era tudo pra ele. 

E então somos apresentados a uma história que tem uma pegada bem diferente da vibe dos BLs a que estamos habituados.

A atmosfera da série é bem silenciosa, séria, e a todo momento somos deixados com os personagens imersos em seus pensamentos, enquanto eles lidam com questões sobre a própria sexualidade, o passado, suas aspirações pro futuro e como tudo isso impacta suas relações com o outro. 

Acompanhamos os personagens a aprender a lidar com as diferentes personalidades uns dos outros, por exemplo, Mon que é calado e reservado o tempo todo parecendo distante, porém determinado, enquanto Soh é um músico com suas excentricidades, como sua veia poética e sensibilidade. Em algum ponto eles finalmente começam a se entender, principalmente depois que Mon fica bêbado e devolve o beijo de Soh na frente de todos os amigos. 

E temos então um quase triângulo amoroso, Mon que gosta de Soh, Soh também sente algo por Mon e Saint também nutre sentimentos pelo amigo, mas os três precisam elaborar melhor dentro de si esses sentimentos antes de conseguir dizer qualquer coisa ao outro mas ao mesmo tempo vão demonstrando em pequenos momentos que isso tem crescido dentro deles. 

A história parece se desenrolar lentamente, com um episódio inteiro circulando ao redor de uma caixa de pirulitos, por exemplo, mas na realidade é que as coisas são mostradas com muita calma e sensibilidade. E, no final, tudo faz sentido com o nome da série, parece que estamos vendo as coisas do ponto de vista de quem sem lembra do passado com nostalgia, até sermos levados de volta ao presente. 

A fotografia se destaca, deixando justamente uma aparência nostálgica no ar, com muitos frames focando nas pequenas reações dos personagens, quase sempre absortos em seus pensamentos. Muitas cenas bonitas pela montagem e iluminação também. Conseguiram usar a beleza dos atores e sua capacidade de demonstrar emoções com pequenos gestos. O conjunto fica muito bonito mas admito que muitas pessoas teriam dificuldade por achar tudo lento demais, embora pra mim não tenha sido um problema, eu vejo a poesia da coisa. 

Há também algumas histórias paralelas que ficam no ar e ajudam a amarrar um pouco as pontas, como o irmão de Mon que volta e meia aparece pra ser travesso e aí somos colocados de frente aos seus pensamentos também. 

A coisa toda é muito sensível, embora seja uma séria focada ao redor do basquete, e a combinação foi muito interessante. Em meio a uma partida e outra os meninos precisam confrontar seus medos e as coisas que os levaram ali e precisam aprender a comunicar o que sentem, e para isso precisam entender também seus sentimentos. 

Embora tenha passado quase despercebido pelo fandom acho que essa série merece uma chance, traz momentos confortáveis e bons pontos de reflexão, sendo uma abordagem mais intimista do que estamos acostumados. 

Nota: 08/10

3 comentários:

  1. Adorei a sua resenha e concordo com tudo o que você escreveu. Acho que é uma série para poucos. Li vários comentários sobre ela e sobre o capítulo final e percebi que as pessoas não entenderam o desenrolar da história, o ritmo lento, os personagens e os diálogos maravilhosos. Gostei muito da série e, felizmente, tenho o hábito de esperar até o final e, após os créditos, vi que o Soh voltou para o Mon. E as palavras ditas durante os créditos finais foram lindas. Recomendo.

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    1. Siim, não é pra todo mundo, mas achei tudo muito lindo e simbólico. O final foi um charme, fiquei feliz em ver o Soh de volta naquela paisagem linda.

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