sexta-feira, 30 de junho de 2023

O que me faz apaixonar?

O que te faz apaixonar? Nunca te perguntei isso

A aparência de que nunca vai querer nada comigo. Eu me atraio por coisas como a aparência de doçura, simplicidade. No caso dele, a combinação da pele delicada com o formato firme do rosto, as veias na mão ali, os óculos grossos, essa junção de força, virilidade e, ao mesmo tempo, fragilidade, alguém de quem eu precisaria cuidar...

Fiquei pensando nessa resposta, um dia inteiro depois da conversa que tive com um amigo, e percebi que, embora tenha sido incompleta, assim como a avaliação que eu faço a seguir, ainda contém alguns elementos de verdade. 

Bom, o fato é que eu não sei o que me faz apaixonar. Eu realmente já tentei sondar mas não consegui saber de onde vem essa carência tão forte e profunda, daí então tentei examinar um pouco as características dos rapazes que costumam me atrair para, daí, tentar delimitar algo. 

Esses elementos que citei, a aparência de delicadeza, de simplicidade, são algumas das coisas que me atraem. Muito embora eu goste de fotos de homens fortes sem camisa eu sempre acabo gostando mais dos que não aparentam essa força. Eu gosto dos meninos mais delicados, até frágeis, com sinais de fofura, que aparentam precisar de cuidados, que demonstram fraqueza, seja moral ou física mesmo (okay psicólogos, me digam o que pode ser isso).

Algumas hipóteses podem ser extraídas então disso: talvez eu tenha essa propensão a gostar de pessoas mais frágeis por medo de ser dominado, pelo desejo de dominar, mas ao mesmo tempo eu percebo a facilidade com que essas, e outras pessoas, acabam me dominando. Será que eu busco a fraqueza porque a vejo em mim e então passo a querer cuidar como eu gostaria de ser cuidado? 

Apenas dizer isso já foi um esforço pra mim. 

Poderia estar em busca de alguém que necessita de cuidados por um instinto paternal que se revela justamente por ausência de paternidade no meu amadurecimento? Sempre me vi, desde que me lembro, com mais delicado do que os outros meninos, sempre me identifiquei mais com o feminino, com o belo, com o mutável, e então quando cresci percebi que, embora o forte me atraia, não me atrai tanto quanto o delicado. 

Então os corpos belos, esculturais, eu admiro, mas não os desejo. Ou talvez algo em mim já aponte tanto da minha insuficiência que acabo por nem sequer me autorizar a desejar alguém assim. Por outro lado a aparência de delicadeza tem um encanto quase hipnótico sobre mim, basta ver o quanto eu já me dediquei a escrever sobre belos rapazes aqui, sempre com descrições semelhantes, como no caso que deu início a essa investigação.

Ele apresenta uma pele clara, de aparência macia, leve como uma pétala e flor, ao mesmo tempo que seu rosto tem um formato duro, forte. Também comentei das mãos, as veias que saltam com força, enquanto a cor rosada da pele apresenta contraste suave. Gosto desse quadro, gosto de como posso ver isso e de como me encanta, e me vejo então querendo abraçá-lo, querendo sentir o cheiro da sua pele, me vejo querendo fazê-lo sorrir baixinho no meu ouvido, ao mesmo tempo que sinto sua mão firme em minha cintura ou se abaixando. 

Mas acho que isso me levanta mais perguntas possíveis do que respostas. Claro. 

Sou carente afetivamente por alguma ausência e demonstro isso em busca de querer cuidar de alguém? Mas é justamente a carência que me torna tão frágil e dependente que acabo por afastar as pessoas que fogem assustadas.

Que outras possibilidades posso tirar disso?

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