quinta-feira, 19 de maio de 2016

A fera que gritou EU no coração do mundo

Olha, algumas criações huamanas simplesmente superam a barreira do maravilhoso. Já falei várias e várias vezes sobre isso e provavelmente passarei o resto da vida dessa maneira, mas Neon Genesis Evangelion continua sendo uma das obras mais incrívei com que já tive contato. Acabei de terminar de rever mais uma vez e estou novamente impressionado. 

Impossível ficar indiferente aos episódios 25 e 26, simplesmente profundos demais pra qualquer descrição. Já adianto que não vou escrever aqui minha interpretação desses episódios até porque a internet está cheia delas e isso não teria nenhum proveito. Gostaria de postar o script traduzido aqui, mas não o encontrei. Pretendo agora ver os filmes, que complementam a série e que pelo que entendi, receberam ótimas críticas. 

Mais uma vez, vou imprimir aqui somente alguns lampejos das minhas impressões de alguém que já assitiu essa série três vezes e ainda não entendeu muito bem o que aconteceu no final. Talves eu seja mesmo mais lerdo do que pareça. De qualquer forma. Admito que quase enlouqueci junto com Shinji Ikari nesses últimos episódios, e agora me pego também questionando minha existência. Coisa de maluco ficar impressionado com algo assim. 


O que mais me chamou a atenção no final da série, e que também fou justamente o motivo pra eu ter começado a assistir foi o engraçado relacionamento entre Shinji Ikari e Kaworu Nagisa. A estranha 5° criança apareceu de repente, quando Asuka estava em estado catatônico depois de ter sido infetada em um dos ataques dos Anjos, e tão logo quando chegou a NERV já conseguiu sincronizar-se automaticamente com o EVA 02. Ele também se aproximou imediatamente de Shinji, dizendo que o amava. Aqui fica bem claro o quanto o nosso protagonista se apegou rapidamente ao estranho rapaz de cabelos cinzas que segurou sua mão durante o banho, disse que o amava e que veio a este mundo somente para conhecê-lo. 

Logo, a 5° crinaça se revela ser na verdade o último Anjo, e tomando posse da Unidade 02 consegue se infiltrar no Dogma Central e assim com facilidade chegar ao Terminal Dogma, onde se encontra Adão (na verdade Lylith). Shinji tem de então destruir o seu novo amigo, aquele que durante toda a sua vida mais deu valor a sua existência, tão logo se achegou dele e tão logo teve de ser morto por ele. O choque da cabeça de Kaworu caindo no lago de LCL é sentido por todos, e o choque de sua morte, que vemos logo no início do episódio 25, também.

Cheguei a conclusão de que assim é a vida. Você passa mais de 20 episódios, ou a maior parte da vida, lutando contra aquilo que outros disseram ser seus inimigos somente pelo fato de que essa é a única coisa que você sabe fazer, e no fim, quando alguém finalmente lhe dá sentido, essa pessoa é brutalmente tirada de você. O problema de Shinji é que ele deu valor demais ao que os outros esperavam dele. Durante toda a série foi assim. Ele pilotou o EVA 01 somente porque lhe pediram, sem levar em conta que aquele monstro o assustava. Sempre se desculpando, mas ficava contente quandl alguém o elogiava por alguma ação ter sido bem desenvolvida ou por seu nível de sincronia ter aumentado. Mas até essas pessoas se afastaram dele, e foi quando ele mergulhou no mar da melancolia.

A Major Katsuragi e a Dra Ritsuko enfrentavam seus próprios problemas, assim como Rey e Asuka. Seus outros amigos ou estavam mortos ou haviam fugido para longe dos confrontos da Tokyo-03. Ele estava sozinho e vulnervável. Kaworu foi o único que deu a ele esperança. Esperança de uma companhia, já que Asuka estava em estado catatônico e Rey nunca fora sociável. Esperança de ser importante para alguém. Imaginem só então, o quão sua mentalidade foi abalada ao ter de cortar a cabeça de seu amigo e companheiro. 

Choque maior justamente pelo fato de ele mesmo ter sido o responsável direto por sua morte. Não foi como na ação contra o EVA 03 que havia perdido o controle e destruido pelo EVA 01. Naquela ação seu pai tinha o controle, não ele. Shinji apenas assistiu e sentiu comos e ele tivesse matado o outro EVA. Não dessa vez, quando ele, sob total controle da Unidade 01, teve de matar Kaworu.

Acho que entendo Shinji. 

"Você está sempre pedindo desculpas! Realmente se acha culpado? Desculpas são o seu reflexo condicionado pra tudo? É patético." 
(Asuka Langley Sohryu)

Algumas vezes também sinto como se fizese apenas o que os outros querem de mim. Me comporto como querem, e quando excedo um pouco o limite que me impõem, logo sou chamado a normalidade. Por isso, mais fácil calar-se e obedecer do que se impor. É mais fácil ter paz do que ter razão. Mas essa paz é condicionada, exterior, apenas evito o confronto externo, mas o interno é ainda mais devastador, pois trata-se de um confronto entre minhas próprias vontades.

Em partes é correto afirmar que eu sou sim, livre, e que por vezes faço o que quero. Mas só até certo ponto. Não posso usar as roupas que tenho vontade. Só posso ouvir minhas m´sucias estando sozinho, por todas serem consideradas música de doido ou de gente depressiva. Até a forma como me comporto é condicionada a vontade dos outros. Não sou muito afeminado, mas seria errado dizer que me comporto como quero todo o tempo. Condiciono isso aos que estão ao meu redor. Claro, também acho que isso significa viver em sociedade. Também tenho de pesar esse outro lado, mas ainda assim, nçao me parece que outros se impotem muito com isso. Tantas são as palavras duras e frias que as pessoas não se importam em trocar. Gritar EU é sempre mais importante que sussurar o NÓS. E parece que a humanidade caminha sempre mais para o fechamento em si mesma.

Quem sabe não seria de fato, anular a existência de todas as pessoas numa existência perfeita, quebrando nossos Campos AT, ou melhor, nossas consciências particulares, em função de uma só conscicência humana, perfeita, sem dor, sem conflitos? 

"Não sei por que o ser humano se esforça para entender o outro. Lembre-se... As pessoas são incapazes de se entender completamente. O ser humano... É um animal triste."
 (Gendou Ikari)

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