domingo, 15 de maio de 2016

Changin' - Cap. 01, Chegada

Bom, resolvi postar esse pequeno conto que escrevi quando ainda estava no colegial. Não está terminado, e nem sei se continuarei. De qualquer forma, eu gostei muito do resultado final dele (já que era um trabalho entregue dessa forma) então resolvi guardar aqui também. 

1. Chegada

— Tudo bem? 

Eu saí do carro em direção a fria névoa seca.

— Fantástico. — eu murmurei, deslizando meus óculos de sol do topo da minha cabeça. Graças à umidade, meu cabelo parecia ter triplicado de tamanho. Eu podia senti-lo tentando devorar meus óculos de sol como um tipo de planta carnívora selvagem. — Eu sempre imaginei como seria viver na boca de alguém. 



Na minha frente estava a casa recém-reformada de minha mãe. Casa esta que seria meu "lar" pelos próximos anos.

Agora era quase impossível reconhecer a casinha de dois quartos que ela comprara com meu pai nos primeiros tempos de seu casamento.

Depois que entrei fui diretamente carregar minhas poucas malas até meu quarto no segundo andar. Eu não trouxe muita coisa, já que estava saindo de uma cidade de clima quente e aqui seria bem mais fresco eu pretendia comprar roupas novas daqui há algumas semanas. Assim que encontra-se alguma loja que não fosse completamente careta e deplorável neste fim de mundo...

Obviamente junto comigo estava minha coleção. CDs, DVDS, livros, revistas e mangás ocupavam um grande espaço de minhas quatro malas. Eram minhas coisas mais importantes.

Depois do silencioso almoço em que minha mãe tentou - sem muito sucesso - com sua excelente culinária, fazer eu me sentir confortável, eu subi com a intenção de arrumar lentamente minhas coisas e fazer com aquele cômodo espaçoso se torna semelhante a meu antigo quarto.

Por mais que eu reclame de muita coisa, eu não gosto de mudanças.

Comecei organizando as coisas maiores. Minha mãe tinha gentilmente deixado muita coisa arrumada antes de minha chegada, então tudo o que eu tinha a fazer era adicionar minhas coisas da maneira que ficasse de meu agrado.

Coloquei meu notebook na elegante mesa  ao lado da cama e depois organizei o CDs em ordem alfabética ao lado esquerdo do aparelho de som comprado recente e colocado estrategicamente um pouco a direita do computador. Minha mãe realmente sabia de como eu gostava das coisas e comprou uma mesa tão espaçosa para o quarto que ocupava uma parede quase toda e ficava com a janela bem ao centro.Depois eu organizei os DVDs e os mangás na parte grande do armário guarde-roupas igualmente espaçoso. Coloquei as revistas em uma parte aberta da mesa de escritório para que ficassem a mão caso eu precisa-se de uma consulta rápida enquanto fizesse algum trabalho futuro da escola.

Minha gentil matriarca tinha até mesmo jogos de camas novos para mim, e nas minhas cores favoritas, azul, verde e roxo. Eu estava com a impressão de que ela queria que falasse das coisas novas para meu pai. Possivelmente para que ele percebesse que as condições financeiras dela eram bem melhores do que as dele. Ou talvez ela simplesmente quisesse que eu me sentisse em casa. De qualquer forma não iria me machucar e eu falasse algumas coisas para ele.

Eu achei melhor organizar as roupas no outro dia. Então eu peguei algumas coisas na mala menor e fui tomar uma ducha. A organização dos cosméticos também ficar para o outro dia, afinal assim como as roupas demoraria muito tempo para arrumar.
Mas fora isso tudo ficara organizado.

Logo depois do banho, exageradamente quente, eu fui dormir.

Tive uma noite tranquila, como sempre não me lembro se sonhei, e acordei cedo e renovado. Infelizmente não tinha muita coisa para fazer já que minha mãe ainda não tinha feito a assinatura da TV a cabo, exigência minha, então eu fiquei deitado por um tempo, até ter coragem e animação para tomar um banho.

Depois do banho eu desci e tomei um café rápido. E descidi que iria caminhar um pouco. Para me exercitar e também para conhecer melhor o lugar.

Depois de chegar à terceira esquina eu percebi que aquilo era muito chato e então voltei. Mesmo depois de várias pessoas bonitas terem passado por mim, eu percebi que preferia mesmo era ficar em casa.

Após esse breve período de devaneio eu me ocupei em organizar o resto das coisas, que eu não havia arrumado na tarde anterior, durante toda a manha. Como eu suspeitara demorei horas para que todas as roupas estivessem organizadas em ordem de utilização (Casa-Escola-Passeio) e também por cor.

Os cosméticos também ocuparam muito tempo. Alguns ficaram no banheiro, como os produtos para o cabelo e corpo, e isso incluía xampu, condicionadores, cremes, cremes condicionadores e loções. Outros ficaram em uma pequena mesa na parede mais vazia do quarto. E nesse segundo grupo ficaram as colônias, mais loções, óleos e o meu pequeno estojo de maquiagem.

Isso sempre fora motivo de brigas na minha outra casa. Segundo meu pai homens não deveriam ter estojos de maquiagem em hipótese alguma. Claro, que meu namoro de longa duração também não deixava ele nem um pouco feliz, mas não havia nada que eu pudesse fazer.

Contudo eu sempre fora muito vaidoso, ao contrário da maioria dos meninos da minha idade eu sei muita coisa sobre cabelos e tratamentos cosméticos. Talvez por esse motivo eu nunca tive muitos amigos. Pois eu não sei absolutamente nada sobre futebol, carros ou essas coisas. E os garotos sempre me acharam estranho demais para se aproximarem. Não que eu achasse isso ruim, prefiro ficar sozinho ou na companhia de pouca pessoas.

Esse tipo de atitude fez com eu ficasse conhecido como anti social na minha antiga escola. Por isso e  por outros motivos só falavam comigo quando precisavam de um parceiro para algum trabalho.E eu geralmente escolhia apenas os mais bonitos para estudarem comigo, e depois de um tempo começaram e perceber isso e se afastar. Isso me leva a crer que não são muitas as pessoas que sentiram minha falta lá.

Eu sempre fora inevitavelmente materialista, gastando compulsivamente com CDs, DVDs esse tipo de coisa. Esse comportamento aumentou depois dos treze anos. E agora eu tinha uma incrível coleção com mais duzentos itens. Que ocuparam a maior parte do espaço de minha bagagem. Isso preocupava meus pais um pouco, mas aparentemente agora já tinham se acostumado com isso. Mas ainda reclamavam quando a conta do cartão vinha muito alta.

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