terça-feira, 17 de maio de 2016

Tristão e Isolda

Bom, resolvi escrever mais um pouco antes de ir dormir... aproveitar enquanto ainda tenho conteúdo despejar aqui.

Terminei agora á pouco de ver a 2° temporada de um dos meus animes favoritos, Nodame Cantabile, e como já era de se esperar, fui profundamente afetado pela aura musical da obra. O post anterior pode provar isso. Enfim, antes de mais nada, essa temporada foi boa, não tanto quanto a primeira, que considero uma verdadeira obra prima dos animes, mas é muito boa. Na playlist, Sonata para Piano N° 16 em Am do Schubert e alguns excertos da ópera Tristão e Isolda, do Wagner. 


Como disse, resolvi escrever mais um pouco essa noite para aproveitar a maré de inspiração que ultimamente tem me assombrado pedindo pra ser liberada de alguma forma.

As madrugadas tem produzido esse efeito em mim ultimamente. Mais especificamente depois de ter terminado o namoro. Chegamos então ao ponto principal deste post, mais uma lamentação, como era de se esperar. Continuo acreditando que seja melhor escrever aqui, onde posso me expressar livremente do que ficar alugando desnecessariamente os ouvidos de meus amigos. Se bem que tenho feito isso bastante ultimamente também. Me sinto envergonhado, inclusive. Ao menos aqui posso me livra do fardo que me pesa sem sofrer com essa problemática do vitimismo gratuito que meus amigos tem de engolir. De qualquer forma, ninguém, ou quase ninguém, deve ler o que aqui é postado, e se lê, não deve ser de grande importância. Vida que segue.

A ideia deste post surgiu justamente da sonata de Schubert que citei logo ali no começo e que tocou com bastante frequência nessa temporada de Nodame Cantabile. E como disse no post anterior, a música tem a capacidade de imprimir certos sentimentos em mim. De uma forma ou de outra, a sonata me trouxe recordações do meu mau fadado relacionamento. O tema principal do primeiro movimento me lembra justamente algo interrompido. Não inacabado, mas que teve de ser abreviado abruptamente. Claro que não tenho conhecimento de causa pra afirmar isso sobre a obra, mas é a impressão que tive.

Logo, assim como os arpejos me soam dliciosamente interrompidos durante todo o movimento, assim também foi o meu primeiro relacionamento de verdade, que durou apenas 2 meses, interropidos abruptamente de forma não tão bela como Schubert expressou em sua peça. 

Lembro que no post que falei sobre o término eu escrevi apenas três fases. Era só o que minha cabeça turbulenta embebida de Rivotril conseguiu conceber naquele momento. E foram essas mesmas três frases que vem me assombrando violentamente desde então. Repetindo, esse foi meu primeiro relacionamento de verdade, e como era de se esperar, o término não poderia ter outro efeito sobre o meu já devastatado equilíbrio emocional senão o de beirar um cataclismo sentimental. 

Meus outros relacionamentos, não enumero muitos pois obviamente levo mais jeito para estudar do que para namorar, incluem um trágico rolo de quase 1 ano com um jovem muito confuso e que tirava proveito do bobo que ora vos escreve e que lhe fazia todos os seus trabalhos da escola, cobria suas irresponsabilidades na igreja dentre outras coisas e um segundo, mas não menos trágico rolo com um moleque anos mais novo que com certeza é um dos maiores responsáveis pelo meu desequilibrio emocional. O primeiro me enrolou ad aeternum e no fim das contas voltou para a ex. O segundo enlouquecia cada vez que a gente ficava e os surtos culminaram em seu distanciamento total de mim. A última noticia que tive de tal atroz criaturinha foi a de que estava tendo um caso com o amigo de um amigo. Dessa vez fui eu a dar o passo que deveria ter dado tempos atrás. Excluí das redes sociais, o que no meu mundo significa excluir da vida.

Voltando ao namoro. Tudo ia bem. Aparentemente. Lógico que notei que ele estava se afastando de mim lentamente, tentando não me magoar. Mas era óbvio que um de nós não estava satisfeito com a situação. Acredito que meu maior erro tenha sido ser intenso demais. Então na Páscoa, numa tentativa de tentar devolver o fogo que tão rápido se extinguira, dei a ele alianças. Sempre quis usar aliança. Considero um simbolo tão bonito, tão poderoso. Mas este também fora meu próprio golpe de misericórdia, ou um tiro no pé, usando uma linguagem menos poética e mais apropriada a minha idade. 

Alguns dias depois, duas semanas se me recordo bem, recebi uma mensagem sua que pedia que eu fosse vê-lo no dia seguinte, com urgência. Obviamente eu já sabia do que se tratava, só não sabia como tinha chegado até ali.

Lá fui eu, sabendo o que me aguardava, como a sensação de alguém que caminha para a própria morte. Foi exatamente como esperava. Ele acabou com tudo. Disse que não se sentia feliz num relacionamento onde só eu me esforçava pra acontecer e que como tudo acontecera tão rápido, não sabia mais como agir e perdera o controle da situação, ficando assim infeliz. As palavras foram mais ou menos essas mesmo. Disse adeus, voltei pra casa com o coração em pedaços, a alma transbordando com as lágrimas de 21 anos sem chorar e as alianças no bolso. Aquelas mesmas que tanto orgulho eu tive em usar.

Apaguei as fotos das redes sociais. Deletei os posts. Guardei as fotos onde eu não possa mais ver. Não tive coragem de destruir. Me dopei de remédio e só acordei pra vida uma semana depois.

A única coisa boa disso tudo é que ele teve a delicadeza de pensar no meu sentimento. Não foi como os outros dois que nunca deram seus golpes de misericórdia. Nunca deram o ponto final de que eu precisava pra continuar, sempre me davam reticências. Ele não, foi claro e cristalino como a água em dizer que estava acabado, não tive sequer a vontade de tentar ir atrás, pois sei que o sofrimento só iria aumentar. Tenho tentado seguir em frente desde então.

O fim de semana não foi dos melhores de que me recordo. Na tentativa de superar essa ferida meu coração se ocupou em colocar o primeiro candidato que viu no lugar. No caso, colocou uns 3 candidatos. E pra ser sincero, preciso seriamente reclamar com o departamento de RH do meu coração, pois vamos e convenhamos, vai escolher candidato ruim assim lá longe. 

No momento, minha playlist chegou ao excerto do tema principal da ópera Tristão e Isolda, do Wagner. Simplesmente apaixonado por essa música. É tragicamente apaixonante, como toda a ópera, mas esse unico trecho, de quase 17 minutos, reflete bem toda a obra, que dura quase 3 horas em algumas apresentações.

Tristão e Isolda é uma história lendária sobre o trágico amor entre o cavaleiro Tristão, originário da Cornualha, e a princesa irlandesa Isolda (ou Iseu). De origem medieval, a lenda foi contada e recontada em muitas diferentes versões ao longo dos séculos. O mito de Tristão e Isolda tem provável origem em lendas que circulavam entre os povos celtas do norte da Europa, ganhando uma forma mais ou menos definitiva a partir de obras literárias escritas por autores normandos no século XII. No século seguinte a história foi incorporada ao Ciclo Arturiano, com Tristão transformando-se em um cavaleiro da távola redonda da corte do Rei Artur. A história de Tristão e Isolda provavelmente influenciou outra grande história de amor trágico medieval, a que envolve Lancelote e a Rainha Genebra. A partir do século XIX até os dias de hoje o mito voltou a ganhar importância na arte ocidental, influenciando desde a literatura até a ópera, o teatro e o cinema. O mito de Tristão e Isolda foi retratado de diferentes maneiras na Idade Média. 

Em linhas gerais a história pode ser descrita assim: Tristão, excelente cavaleiro a serviço de seu tio, o rei Marcos da Cornualha, viaja à Irlanda para trazer a bela princesa Isolda para casar-se com seu tio. Durante a viagem de volta à Grã-Bretanha, os dois acidentalmente bebem uma poção de amor mágica, originalmente destinada a Isolda e Marcos. Devido a isso, Tristão e Isolda apaixonam-se perdidamente, e de maneira irreversível, um pelo outro. De volta à corte, Isolda casa-se com Marcos, mas Isolda e Tristão mantêm um romance que viola as leis temporais e religiosas e escandaliza a todos. Tristão termina banido do reino, casando-se com Isolda das Mãos Brancas, princesa da Bretanha, mas seu amor pela outra Isolda não termina. Depois de muitas aventuras, Tristão é mortalmente ferido por uma lança e manda que busquem Isolda para curá-lo de suas feridas. Enquanto ela vem a caminho, a esposa de Tristão, Isolda das Mãos Brancas, engana-o, fazendo-o acreditar que Isolda não viria para vê-lo. Tristão morre, e Isolda, ao encontrá-lo morto, morre também de tristeza.

(Blog O Ser da Música

Copiei este trecho de descrição da ópera por ele demonstrar o quão profundo esse momento tem sido pra mim. Encerro esse post por hora. Boa Noite.

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