terça-feira, 31 de maio de 2016

Azul da cor do Mar...

- Mas Gabriel, seus posts são todos muito depressivos...
- Vai ler o site da Capricho então fofa! 

"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir,
Tenho muito pra contar, dizer que aprendi.
E na vida a gente tem que entender,
Que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri...

Antes de mais nada, gostaria de dizer que estou em plena posse de minhas faculdades mentais e CONTINUO NÃO GOSTANDO DE MÚSICA NACIONAL. Dito isto, vamos a bagaceira desta tarde quente de terça-feira. Finghting!
Pra começo de conversa, dizer que estou em posse de minhas faculdades mentais é um exagero sem tamanho, jamais tive posse delas, e ultimamente percebi que até aquela fina e quase invísivel linha que que me dava a ilusão de segurança mental se rompeu desnudando a cortina de fantasias a que eu me prendia. Nossa, ficou até poético. Mas na prática é bem trágico. Como vi no Facebook outro dia: "Eu moro em mim mesmo, mas pensa numa casa bagunçada". Frase pra vida. Acho que já até disse ela aqui, mas não me lembro.

Seguindo o enterro...

Apesar de todos os apesares, essa música do Tim Maia mexeu comigo desde a primeira vez que ouvi, e a letra dela voltou a me tocar, por dois motivos: primeiramente, quando alguns amigos pediram que eu ouvisse há algumas semanas para que eu os ajudasse a cantar na festa da padroeira, ela mexeu comigo pois tinha acabado de terminar (não acabado exatamente, só mais recente do que é agora) e ainda estava bem chateado. depois, por estar obviamente carente, ela me fez notar o quanto é difícil conseguir alguém pra desabafar, literalmente um ombro pra chorar.

Ainda bem que essa fase deprê acabou e agora eu só desabao aqui. Ah, como este teclado é um ouvinte maravilhoso. #AmorEterno 

De qualquer forma, não sei se o Tim Maia mesmo escreveu essa música, penso que sim. Quem quer que tenha sido, entende bem do sofrimento do coração do homem. De fato, compreendo bem o que a letra diz agora. Realmente, penso muito nisso, principalmente nos últimos meses, e não falo somente dos meus problemas afetivos, enquanto todos a minha volta veem seus relacionamentos florirem e prosperarem, não. Falo principalmente daqueles que sofrem na solidão, na pobreza e na doença, enquanto o resto das pessoas felizes simplesmente não percebem o sofrimento alheio.

Traçarei então um paralelo entre essa observação e as obsevações que eu fiz quando reassisti a obra de Hideaki Anno, Neon Genesis Evagelion. 

Quando toco nesse assunto da cegueira quanto ao sofrimento do próximo, não o faço de maneira acusadora, como quem o faz de cima de um pedestal apontando para aqueles que, estando um patamar abaixo de mim, são inferiores. Não, me incluo nesse grupo antes de todos os outros, já que, por não conhecer o coração e a vontade de cada um, e justamente por estar cego demais com meu próprio sofrimento auto-infligido é que somente eu estou dentro desta categoria.

Não é difícil notar que o sofrimento dos outros recebe sempre menos nossa atenção do que os nossos, ainda que a diferença entre ambos seja gritante. Ora, olhando ao meu redor posso enumerar dezenas de pessoas que sofrem mais do que eu. Minha mãe por aguentar toda minha chatice enquanto cuida de meu avô doente, suporta os parentes chatos com uma paciência quase de ferro e ainda cuida da própria saúde para poder sempre cuidar dos outros. Meu pai, por estar sempre tão preocupado em não deixar que falte nada na nossa mesa... e por ai vai, a minha volta as pessoas sofrem muito mais do que eu. No entanto, quando me debruço sobre esse teclado pra escrever sobre algo, ou quando deito a cabeça no travesseiro ao fim de cada dia, não é nesses sofrimentos titãnicos que eu penso, não. Tampouco me ocupo em contemplar a paixão de Cristo, como forma de silenciar minha carne visto estar de frente com um sofrimento que ultrapasa o meu a uma distância de várias galaxias.  Os sofrimentos que eu me ocupo em contemplar são os meus. Como uma criança chorosa e mimada eu prefiro reclamar que meu brinquedo caiu e se quebrou, do que me levantar e tentar consertar. Essa é provavelmente a forma mais aproximada de me definir, uma criança mimada.

Isso se deve ao problema da minha consciência, ao meu Campo A.T., por assim dizer, usando daqui da expressão do mestre Anno. Minha consciência forma justamente esse escudo ao meu redor, e justamente por todas as pessoas do mundo possuirem esse mesmo escudo, é que não é possível uma aproximação verdadeira. As pessoas se aproximam umas das outras apenas a medida que lhes é permitido por suas consciências. Quanto mais expandido um Campo A.T, mais distante das outras pessoas. Ao contrário do que se possa imaginar, esse campo não tem como função principal a proteção, não, sua função principal é a investida ofensiva. E enquanto esse campo perdurar ao redor de todas as pessoas, elas nunca poderão verdadeiramente conhcer o que viver em união. Nunca.

Dessa forma, é essa mesma consciência que nos impede muitas vezes de perceber que a felicidade, independemente de eu ter ou não um sofrimento maior que o do meu vizinho, depende na verdade da minha própria vontade. Quantas pessoas encontram motivos pra sorrir nas pequenas coisas justamente por terem sofrimentos grandes demais e por isso aprenderam a apreciar as pequenas alegrias... oh, independemente de sofrer muito ou pouco, notar a felicidade do próximo não deve despertar em mim inveja, mas sim um desejo verdadeiro de ser feliz, desejo esse que se tornará realidade a medida que eu conseguir desfazer esse campo a minha volta. Isso sim, significa ter um sonho de verdade. 

Mas quem sofre sempre tem que procurar,
Pelo menos vir achar razão para viver.
Ver na vida algum motivo pra sonhar,
Ter um sonho todo azul,
Azul da cor do mar..."

Por fim, achei interessante o autor ter usado a expressão do sonho azul. Já que, para mim, não sei se para todos, o azul transmite tristeza. Penso que, mesmo sendo um "sonho triste", por estar maculado de tanto sofrimento, é que ele se torna um sonho bonito. Como o mar, que apesar de ser da cor da tristesa, consegue ser brilhante e aquecer o coração de todos quanto o olharem com os olhos do coração. Particularmente, eu gosto da cor azul, mesmo sendo fria, é uma das que aquecem meu coração com doces sonhos da cor do mar...

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