domingo, 29 de maio de 2016

Fruto proibido

Finalzinho de uma manhã fria de domingo. Acabo de terminar de limpar meu quarto, bem superficialmente, não tenho mais a mesma neura por limpeza de alguns anos atrás. Na playlist, o album ao vivo One Great Steps - Returns Live, do INFINITE. Grupo que admito, por muito tempo evitei ouvir por achar bem chatinho, mas que depois de parar para uma audição mais apurada, demonstrou fazer jus ao sucesso que é.

Cheguei da Santa Missa deste 9° Domingo do Tempo Comum a pouco tempo. Hoje foi até tranquilo. A missa. Eu já estava ligado no 220v desde as 4:30 da manhã. Pequeno barraco de família na casa da minha tia, com um primo que chegou bêbado quebrado tudo e gritando aos quatro ventos. Maior papelão. Ele não tem encarado bem a morte da mãe, a mais ou menos 6 meses, e sempre desconta na bebida, chegando em casa alterado e nervoso. Paciência. 

Enfim, mesmo sendo um acontecimento inesperado, não é isso que tem ocupado minha cabeça nessa manhã. Não, isso seria fácil demais, e como sabemos, o mundo não gosta de facilitar. Já sinto até os tentáculos gelados da minha alergia se aproximando do meu sistema respiratório, hoje vai ser um dia daqueles. Ontem só consegui dormir depois de uma dose de calmante, a dor de cabeça estava horrível, e pelo jeito, hoje não vai ser diferente. 

Tive de servir com um outro amigo cerimoniário hoje, tarefa que seria bem mais fácil se eu tivesse sustentado a promessa que eu fiz pra mim mesmo de não me apaixonar por ele. Falhei miseravelmente nessa. Então, estava de mal humor logo pela manhã por ter isdo mais uma vez rejeitado por ele ontem, quando o chamei pra sair, e ter de vê-lo de novo não é tarefa fácil. Sabe aquelas pessoas que tem medo de te magoar e por isso não são tão marcantes nas rejeições? Pois é. Claro, agradeço por ele não ser grosso nem nada, mas acho que ser todo legalzinho comigo não facilita pro meu lado. É tão bonito, dá vontade de grudar e não largar mais. Um verdadeiro fruto proibido. Argh.
Bem feito pra mim que não manti minha promessa. Aliás, nem sei porquê continuo prometendo esse tipo de coisa. Não cumpro mesmo. Conheço um menino simpático, se for bonito, melhor ainda, e logo começo a sentir alguma coisa. Ai eu digo "não vou me apaixonar", e XABLAU, eu me apaixono. Prevísivel como saber que o Sol vai nascer amanhã. Até um post do Facebook sabe exatemente o que se passa comigo, ele dizia: "Atores beijam a mesma pessoa 10 temporadas seguidas e não se apaixonam. Quando alguém segura pra mim eu já penso por uns 5 meses." É mais ou menos isso que acontece... 

Coisa de masoquista, já disse e repito. Falta de óleo de peroba pra passar nessa minha cara de pau de vir aqui e escrever sobre a mesma coisa desde que o blog começou a existir. Baita golpe na moral perceber que você não amadureceu em absolutamente nada de alguns anos pra cá. Mas, vida que segue.

Bem, agora de surpresinha, o Pe. Fábio de Melo acabou de twittar assim: "O amor próprio é o crivo para o discernimento. Se precisamos abrir mão dele para obter o que pretendemos, melhor rever as escolhas." Particularmente eu acho que ele como padre é um ótimo administrador de redes sociais. Enfim, pensando no que ele disse, acredito que seja parte do tapa na cara que mereço nesse momento. Ora, não é exatamente isso que tenho feito? Joguei na lama todo e qualquer amor próprio em função de um relacionamento que eu criei na minha cabeça e que nunca irá pra frente. Sem medir o quanto poderia me machucar, embarquei com tudo nesse beco sem saída e agora lamento por isso. Realmente, falta de vergonha na cara.

O fruto proibido que fez Eva desobedecer, mesmo sabendo que aquilo lhe seria prejudicial continua a fazer vítimas em plena sexta idade do mundo. Continua a arrastar para a lama a dignidade do homem e a coolocá-lo no mesmo patamar do outros animais, que vivem somente sob a força de suas vontades. E ainda fico me imaginando a me dedicar a uma pessoa que sequer pensa em mim para além das obrigações na igreja. Provavelmente nem como amigo sou considerado. Até mesmo um trecho de Carmina Burana pode exprimir as ânsias que tenho em me dedicar a esse sentimento doentio:
Ama me fideliter,
fidem meam nota,
de corde totaliter,
et ex mente tota,
sum presentialiter,
absens in remota,
quisquis amat taliter,
volvitur in rota.

Ama-me fielmente!
Vê como seu fiel,
Com todo o meu coração,
E com toda a minha alma,
Estou contigo.
Mesmo quando distante,
Quem quer que ame assim,
Gira a roda.
(trecho e tradução de Omnia Sol Temperat - Carmina Burana)

E o pior é que eu, assim como Eva, sei bem das consequências que me vão suceder se eu continuar insistindo nesta história. Mas, pelo conhecimento da original, posso garantir que a história vai tristemente continuar se repetindo. É como a roda da fortuna de que falei anteriomente, sempre se repete, sempre mudando, mas sempre cíclica, assim é a vida.

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