A Idéia do Transcendente, na Visão Tradicional e Atual
As religiões surgem em diferentes regiões geográficas, inspiradas pelas histórias vividas pelos povos, pela arte, pela política, pelo pensamento filosófico de uma determinada época, e por tantas outras influências. Sendo assim, cada uma delas tem expressão própria identidade.
O Transcendente, o Ser Supremo, é também concebido com características peculiares. Muitas vezes ele é concebido como feminino, sendo reconhecido como uma Deusa, como Divina Mãe, como Deusa primordial, etc. Outras vezes sua face é masculina, sendo concebido então como: o Deus dos judeus, dos cristãos, dos muçulmanos, etc.
Mas, mesmo nestas culturas o Transcendente pode ser reconhecido como tendo aspectos do feminino e do masculino. As divindades Hinduístas possuem esposas que lhes complementam, as religiões de afro-descendentes possuem Orixás femininos, como Iemanjá, por exemplo. Mesmo para alguns teólogos cristãos, Deus é Pai e Mãe.
Este Transcendente sempre nos dá a indicação da necessidade principal de seu povo. Para os judeus que viviam como escravos, Deus é o Senhor dos exércitos que elegeu este povo como escolhido, podendo deste modo livrá-lo da escravidão. Para os cristãos Deus se manifesta por meio de Jesus Cristo como Amor Absoluto, ajudando-os a conviver em meio à diferença; para os povos de floresta, o Transcendente aparece como força da natureza.
As religiões se utilizam de símbolos para representar as diferentes idéias de Transcendente. Uma cruz faz com que todo o cristão se lembre de seu Deus e de Jesus, uma estátua de Buda, pode lembrar aos budistas sobre os ensinamentos de seu guia espiritual, uma determinada cor usada na roupa pode lembrar a proteção de determinado Orixá para um candomblecista, e assim por diante.
Não são apenas os idiomas que diferem, ou a cor da pele, é também a forma de cultuar, de nominar, de simbolizar a representação do Transcendente.
As Tradições Religiosas utilizam-se também de festas. Elas têm o objetivo de transmitir os ensinamentos de maneira formal ou até mesmo lúdica, isto é, através de ritos que envolvem brincadeiras, cânticos, danças, comidas, etc., despertando assim, através de experiências inspiradoras, a consciência e a fé dos seguidores.
Experiência Religiosa
A palavra transcendência estabelece, em sua característica primeira, a superioridade do criador em relação à criatura.
Dessa forma, a linguagem da experiência religiosa implica reconhecer que os sujeitos carecem de transcender o que está posto no mundo. A transcendência marca a possibilidade de abertura para a existência de um ser superior independente da cultura na qual se insere. A transcendência nos sujeitos é percebida a partir do reconhecimento do limite do ser humano diante de explicações racionais, um dos aspectos misteriosos da própria existência humana.
A experiência religiosa conduz os sujeitos a reconhecer a existência de um ser transcendente (Deus, ser supremo, uma inteligência superior, energia, etc.). A manifestação este transcendente torna-se possível mediante ma experiência comunicável, sejam através de gestos, testemunhos, conversas, ritos, num movimento permanente dos seres no mundo. Essa manifestação no mundo da cultura apresenta-se de formas diferenciadas, uma vez que os sujeitos são iguais apenas no que se refere à espécie. Por outro lado, a experiência do transcendente ou a sua manifestação leva-nos a interiorizar valores que nos são legados pela experiência histórica da humanidade e pelas instituições portadoras desses valores: a família, a escola, a religião, entre outras.
O Transcendente
O termo Transcendência, pode ter diferentes significados, como a superação de limites, por exemplo: um atleta que bate um recorde olímpico, superando uma marca jamais atingida por outro ser humano. O fato do atleta bater um recorde olímpico pode ser considerado transcendente, pois exige do atleta, concentração, disciplina, disposição e um sobre-esforço capaz de superar as barreiras do limite humano. Por outro lado, a qualidade de "Ser transcendente" é unica e exclusivamente pertencente à Deus, que é o ser por excelência, ou seja, Deus está acima de qualquer outro ser, e não possui limites e nem barreiras algumas. O ser humano, pode até transcender (superar) algumas das suas limitações, porém não é transcendente, apenas Deus o é. Deus é onipotente, onisciente e onipresente.
Alguns atributos divinos:
Deus é Onipotente porque é todo poderoso, é energia criadora, ordenadora e mantenedora das coisas criadas. Deus é ilimitado e sobrenatural, está além e acima de nós os seres criados por Ele. Deus não precisa de outros seres; Deus não possui necessidades, Deus basta por si mesmo.
Deus é Onisciente porque é a própria consciência cósmica, universal. Deus possui o conhecimento infuso, que não se aprende de nenhum outro ser, é um conhecimento único, próprio e perfeito; Deus sabe de tudo inclusive o que passa na consciência de qualquer ser racional.
Deus é Onipresente, ou seja, está presente em todos os lugares ao mesmo tempo, mas segundo a nossa concepção monoteísta, não pode ser confundido com todas as coisas, já que Deus é um Ser Único e indivisível, ou seja não pode ser dividido e confundido com as coisas criadas. Em outras palavras, Deus está em tudo, mas nem tudo é Deus.
Transcendência
A transcendência é um termo que na Filosofia pode conduzir a três diferentes, porém relacionados, significados, todos eles originaram-se da raiz latina "ascender" ou indo além, sendo, um significado originado na filosofia antiga, outra na filosofia medieval, e a última na filosofia moderna.
O primeiro significado, como parte do seu conceito irmão transcendência/imanência, foi usado primeiramente para se referir a relação de Deus com o mundo e de particular importância na teologia. Neste caso transcendente significa que Deus está completamente além dos limites cosmológicos, em contraste com a noção de que Deus é uma manifestação do mundo. Este significado se origina em ambos, na Visão Aristotélica de Deus como principio criador, uma autoconsciência que está externa ao mundo, e no conceito Judeu e Cristão de Deus como um ser externo ao mundo que criou o mundo da imanifesto (creatio ex nihilo). Em oposição, as filosofias de imanência tais como estoicismo, Espinosa, Deleuze ou panteísmo defende que Deus é uma manifestação e totalmente presente no mundo e nas coisas que cercam ao mundo.
O Segundo significado, que se vêm da filosofia Medieval, defende como transcendental estar tão próximo que cai dentro das categorias de Aristóteles que foram usados para organizar conceitualmente o conceito de realidade. Os exemplos básicos de transcendental estão presentes (insígnia) nas características, designadas transcendentais, de unidade, verdade, e bondade.
Na filosofia moderna e atual, Kant conceituou transcendental um novo significado (que é o terceiro aqui) em sua teoria do conhecimento, preocupado com as possibilidades condicionais do próprio conhecimento. Para ele isto significa conhecimento sobre a nossa faculdade cognitiva com respeito de como os objetos são possíveis a priori. Algo é transcendental se isto tem um papel no modo como a mente "constitui" os objetos e faz possível a nós experimentá-los como objetos em primeiro lugar. Normalmente conhecimento é o saber sobre um objeto; conhecimento transcendental é o saber de como é possível para nós experimentarmos estes objetos como objetos. Isto se baseia no conceito de Kant do argumento de David Hume que certas características do objeto (tais como a persistência, relações causais) não podem derivar da impressão que temos deles. Kant argumenta que a mente deve contribuir para estas características e tornar possível para nós experimentarmos os objetos como objetos. Na parte central da sua Crítica da Razão Pura, a "Dedução Transcendental das Categorias", Kant argumenta que há uma profunda interconexão entre a habilidade de estar auto-consciente e a habilidade de experimentar o mundo de objetos. Embora, no processo de síntese, a mente gere ambos: a estrutura dos objetos e a sua própria unidade. Para Kant, a "transcendência", se opõem ao "transcendental", é o que jaz além da nossa capacidade de conhecimento pudesse ser legitimamente conhecido. A contra argumentação de Hegel a Kant foi que para conhecer a fronteira e estar desperto que ela é a fronteira e de tal forma o que jaz além dela -- em outras palavras, nós já transcendemos a isto.
Na fenomenologia, o "transcendente" é aquilo que transcende a nossa própria consciência - qual é objetos mais que apenas fenômeno da consciência.
Referências
SCHLOGL, Emerli. “A idéia do Transcendente” e FERREIRA, Amauri Carlos. “Experiência Religiosa” .
Disponíveis em: http://ensinoreligioso1.blogspot.com.br/, http://ensinoreligiosoemsaladeaula.blogspot.com.br/, http://ensinoreligiosopravaler.blogspot.com.br/
Disponíveis em: http://ensinoreligioso1.blogspot.com.br/, http://ensinoreligiosoemsaladeaula.blogspot.com.br/, http://ensinoreligiosopravaler.blogspot.com.br/
SARTRE, Jean-Paul. “A transcendência do ego – esboço de uma descrição fenomenológica”
Disponível em: http://www.fflch.usp.br/
HAIDT, Jonathan. “Religião, evolução e o êxtase da autotranscendência”
Disponível em: http://www.ted.com/
Gostei muitíssimo do devaneio exposto. Bacana!
ResponderExcluirContinue filosofando.
Obrigadoo! Continuarei sim!
Excluircara mt obrigado salvou minha vida
ResponderExcluirÓtimo texto.
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