domingo, 15 de maio de 2016

Filosofia da Tradição Religiosa

Mais um texto que encontrei perdido no meu HD... se me recordo foi um trabalho de recuperação que fiz pra um amigo alguns anos atrás... achei interresante postar mesmo, Embora eu ache que não seja útil pra muita gente..

A Idéia do Transcendente, na Visão Tradicional e Atual


          As religiões surgem em diferentes regiões geográficas, inspiradas pelas histórias vividas pelos povos, pela arte, pela política, pelo pensamento filosófico de uma determinada época, e por tantas outras influências. Sendo assim, cada uma delas tem expressão própria identidade.

            O Transcendente, o Ser Supremo, é também concebido com características peculiares. Muitas vezes ele é concebido como  feminino, sendo reconhecido como uma Deusa, como Divina Mãe, como Deusa primordial, etc. Outras vezes sua face é masculina, sendo concebido então como: o Deus dos judeus, dos cristãos, dos muçulmanos, etc.

             Mas, mesmo nestas culturas o Transcendente pode ser reconhecido como tendo aspectos do feminino e do masculino. As divindades Hinduístas possuem esposas que lhes complementam, as religiões de afro-descendentes possuem Orixás femininos, como Iemanjá, por exemplo. Mesmo para alguns teólogos  cristãos, Deus é Pai e Mãe.

            Este Transcendente sempre nos dá a indicação da necessidade principal de seu povo. Para os judeus que viviam como escravos, Deus é o Senhor dos exércitos que elegeu este povo como escolhido, podendo deste modo livrá-lo da escravidão. Para os cristãos Deus se manifesta por meio de Jesus Cristo como Amor Absoluto, ajudando-os a conviver em meio à diferença; para os povos de floresta, o Transcendente aparece como força da natureza.

            As religiões se utilizam de símbolos para representar as diferentes idéias de Transcendente. Uma cruz faz com que todo o cristão se lembre de seu Deus e de Jesus, uma estátua de Buda, pode lembrar aos budistas sobre os ensinamentos de seu guia espiritual, uma determinada cor usada na roupa pode lembrar a proteção de determinado Orixá para um candomblecista, e assim por diante.
Não são apenas os idiomas que diferem, ou a cor da pele, é também a forma de cultuar, de nominar, de simbolizar a representação do Transcendente.

            As Tradições Religiosas utilizam-se também de festas. Elas têm o objetivo de transmitir os ensinamentos de maneira formal ou até mesmo lúdica, isto é, através de ritos que envolvem brincadeiras, cânticos, danças, comidas, etc., despertando assim, através de experiências inspiradoras, a consciência e a fé dos seguidores.

Experiência Religiosa

      A palavra transcendência estabelece, em sua característica primeira, a superioridade do criador em relação à criatura.
            Dessa forma, a linguagem da experiência religiosa implica reconhecer que os sujeitos carecem de transcender o que está posto no mundo. A transcendência marca a possibilidade de abertura para a existência de um ser superior independente da cultura na qual se insere. A transcendência nos sujeitos é percebida a partir do reconhecimento do limite do ser humano diante de explicações racionais, um dos aspectos misteriosos da própria existência humana.
           A experiência religiosa conduz os sujeitos a reconhecer a existência de um ser transcendente (Deus, ser supremo, uma inteligência superior, energia, etc.). A manifestação este transcendente torna-se possível mediante ma experiência comunicável, sejam através de gestos, testemunhos, conversas, ritos, num movimento permanente dos seres no mundo. Essa manifestação no mundo da cultura apresenta-se de formas diferenciadas, uma vez que os sujeitos são iguais apenas no que se refere à espécie. Por outro lado, a experiência do transcendente ou a sua manifestação leva-nos a interiorizar valores que nos são legados pela experiência histórica da humanidade e pelas instituições portadoras desses valores: a família, a escola, a religião, entre outras.

O Transcendente


              O termo Transcendência, pode ter diferentes significados, como a superação de limites, por exemplo: um atleta que bate um recorde olímpico, superando uma marca jamais atingida por outro ser humano. O fato do atleta bater um recorde olímpico pode ser considerado transcendente, pois exige do atleta, concentração, disciplina, disposição e um sobre-esforço capaz de superar as barreiras do limite humano. Por outro lado, a qualidade de "Ser transcendente" é unica e exclusivamente pertencente à Deus, que é o ser por excelência, ou seja, Deus está acima de qualquer outro ser, e não possui limites e nem barreiras algumas. O ser humano, pode até transcender (superar) algumas das suas limitações, porém não é transcendente, apenas Deus o é. Deus é onipotente, onisciente e onipresente.

Alguns atributos divinos: 


                Deus é Onipotente porque é todo poderoso, é energia criadora, ordenadora e mantenedora das coisas criadas. Deus é ilimitado e sobrenatural, está além e acima de nós os seres criados por Ele. Deus não precisa de outros seres; Deus não possui necessidades, Deus basta por si mesmo.
Deus é Onisciente porque é a própria consciência cósmica, universal. Deus possui o conhecimento infuso, que não se aprende de nenhum outro ser, é um conhecimento único, próprio e perfeito; Deus sabe de tudo inclusive o que passa na consciência de qualquer ser racional. 
Deus é Onipresente, ou seja, está presente em todos os lugares ao mesmo tempo, mas segundo a nossa concepção monoteísta, não pode ser confundido com todas as coisas, já que Deus é um Ser Único e indivisível, ou seja não pode ser dividido e confundido com as coisas criadas. Em outras palavras, Deus está em tudo, mas nem tudo é Deus.

Transcendência


             A transcendência é um termo que na Filosofia pode conduzir a três diferentes, porém relacionados, significados, todos eles originaram-se da raiz latina "ascender" ou indo além, sendo, um significado originado na filosofia antiga, outra na filosofia medieval, e a última na filosofia moderna.
O primeiro significado, como parte do seu conceito irmão transcendência/imanência, foi usado primeiramente para se referir a relação de Deus com o mundo e de particular importância na teologia. Neste caso transcendente significa que Deus está completamente além dos limites cosmológicos, em contraste com a noção de que Deus é uma manifestação do mundo. Este significado se origina em ambos, na Visão Aristotélica de Deus como principio criador, uma autoconsciência que está externa ao mundo, e no conceito Judeu e Cristão de Deus como um ser externo ao mundo que criou o mundo da imanifesto (creatio ex nihilo). Em oposição, as filosofias de imanência tais como estoicismo, Espinosa, Deleuze ou panteísmo defende que Deus é uma manifestação e totalmente presente no mundo e nas coisas que cercam ao mundo.

              O Segundo significado, que se vêm da filosofia Medieval, defende como transcendental estar tão próximo que cai dentro das categorias de Aristóteles que foram usados para organizar conceitualmente o conceito de realidade. Os exemplos básicos de transcendental estão presentes (insígnia) nas características, designadas transcendentais, de unidade, verdade, e bondade.

            Na filosofia moderna e atual, Kant conceituou transcendental um novo significado (que é o terceiro aqui) em sua teoria do conhecimento, preocupado com as possibilidades condicionais do próprio conhecimento. Para ele isto significa conhecimento sobre a nossa faculdade cognitiva com respeito de como os objetos são possíveis a priori. Algo é transcendental se isto tem um papel no modo como a mente "constitui" os objetos e faz possível a nós experimentá-los como objetos em primeiro lugar. Normalmente conhecimento é o saber sobre um objeto; conhecimento transcendental é o saber de como é possível para nós experimentarmos estes objetos como objetos. Isto se baseia no conceito de Kant do argumento de David Hume que certas características do objeto (tais como a persistência, relações causais) não podem derivar da impressão que temos deles. Kant argumenta que a mente deve contribuir para estas características e tornar possível para nós experimentarmos os objetos como objetos. Na parte central da sua Crítica da Razão Pura, a "Dedução Transcendental das Categorias", Kant argumenta que há uma profunda interconexão entre a habilidade de estar auto-consciente e a habilidade de experimentar o mundo de objetos. Embora, no processo de síntese, a mente gere ambos: a estrutura dos objetos e a sua própria unidade. Para Kant, a "transcendência", se opõem ao "transcendental", é o que jaz além da nossa capacidade de conhecimento pudesse ser legitimamente conhecido. A contra argumentação de Hegel a Kant foi que para conhecer a fronteira e estar desperto que ela é a fronteira e de tal forma o que jaz além dela -- em outras palavras, nós já transcendemos a isto.

            Na fenomenologia, o "transcendente" é aquilo que transcende a nossa própria consciência - qual é objetos mais que apenas fenômeno da consciência.


Referências

SCHLOGL, Emerli. “A idéia do Transcendente” e  FERREIRA, Amauri Carlos. “Experiência Religiosa” .
Disponíveis em: http://ensinoreligioso1.blogspot.com.br/, http://ensinoreligiosoemsaladeaula.blogspot.com.br/, http://ensinoreligiosopravaler.blogspot.com.br/

SARTRE, Jean-Paul. “A transcendência do ego – esboço de uma descrição fenomenológica”
Disponível em: http://www.fflch.usp.br/

HAIDT,  Jonathan. “Religião, evolução e o êxtase da autotranscendência”
Disponível em: http://www.ted.com/

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