terça-feira, 17 de maio de 2016

Viver a música

Ah, chegando em casa num clima de tranquilidade. Em contraposição ao nervosismo extremo que experimentei durante o dia. Sério, eu sempre fui muito propenso a ser nervosinho, mas de uns tempos pra cá isso tem chegado a níveis extraordinários. Mas agora a noite eu acho que não. Talves seja só efeito da playlist que ora toca no Media Player. Trata-se do álbum Individual da Ayahi Takagaki. Baixei há alguns meses e tenho ouvido várias vezes essa semana. Ela tem uma potência vocal agradável e as composições são muito boas, combinam emoção e arranjos bem feitos. Claro, se tratando de música japonesa seria dificil eu me decepcionar. 

Mais cedo eu estava pensando mesmo sobre o que escrever hoje. Cheguei justamente a conclusão de falar sobre como a música tem o poder de influenciar o meu humor. Pensei nisso enquanto ouvia o Quinteto para Piano em Am, Op. 84 do Edward Elgar. Na verdade eu passei a tarde a ouvir Elgar. Algumas de suas composições estão entre as minhas favoritas, em especial a sublime Sonata para Piano e Violino em Em, Op. 82 e as Marchas para Dança, Pompa e Circunstância. 



Sou o tipo de pessoa que escuta música o dia inteiro. Simplesmente me incomoda estar sozinho sem ouvir nada. E estou sempre buscando música nova, inclusive baixar é hobby principal. Nota-se que quando estou irritado baixo quantidades absurdas de CDs até que me acalme (semanas atrás, por exemplo, baixei mais 60 CDs em apenas uma tarde). A música é provavelmente a força motriz do meu humor. Não seria exagero dizer que sua influência na minha vida é quase sobrenatural. 

Algumas obras são especialmente selecionadas para a famosa playlist da bad, aquela dedicada aos momentos de fossa profunda, absinto e Lexotan, Outras para a playlist dos Best Hits, com aquelas que eu adoro ouvir repetidamente até a exaustão. Ultimamente, por exemplo, tenho ouvido Dope do BTS e Just Right do GOT7 diariamente e repetidamente. Outras como Turandot de Puccini e o Requiem do Verdi são peças fixas dessa lista. escuto sempre com a mesma emoção da primeira vez. 

É inacreditável como alguns compositores tem a capacidade de demonstrar e transmitir tanta emoção em suas composições. Mais incrível ainda é a forma, ou melhor dizendo, as formas como os músicos também transmitem as intenções do compositor ou suas próprias emoções. Penso em momentos assim em obras como o Concerto para Piano N° 2 do Rachmaninoff que começa como se disparasse socos rápidos e certeiros no ouvinte e depois, com o advento do tsunami que é o acompanhamento orquestral, os arpejos rápidos e poderosos transportam o homem ao mesmo estado de profunda depressão e desespero que o compositor se encontrava quando escreveu a obra. Impossível falar de música e não citar por exemplo, a magnífica Nona Sinfonia, do Beethoven e também algumas obras menos conhecidas, mas igualmente poderosas, no momento me recordo da Sonata para Piano N° 16 em Am do Schubert cujo primeiro movimento eu poderia ouvir o dia inteiro sem me cansar ou o Concerto para Oboé e Instrumentos de Corda Op. 18 K.314 em Cm do Mozart, a música resposável por me apresentar no mundo erudito, de onde nunca mais consegui sair.

Haha, poderia ficar aqui citando obras por várias linhas, mas ainda não conseguiria descrever com precisão o sublime poder da música justamente pelo fato de ela ter essa influência apenas em mim. Claro, muitas pessoas sentem o mesmo, mas acredito que as impressões que uma música possa deixar numa pessoa sejam únicas, pessoais e complemante inacessíveis. Até mesmo as palavras só podem descrevê-la até determinado ponto, justamente pelo fato da música ser a forma de expressão por excelência. Obviamente entraria num campo de discussão onde cada um tentaria defender o seu ponto de vista, mas dificilmente acho que outras formas de expressão artistica, como a escultura ou a pintura ou ainda a dança, poderiam expressar tão profundamente os mais íntimos desejos da alma de uma pessoa como a música. Ao menos não para mim. De certo não tenho a sensibilidade necessária para essas expressões. Assim como me entristeço em notar que a maioria das pessoas não trata a música com o devido respeito que ela merece. Em especial a música de qualidade.

Como apaixonado por música japonesa e coreana, bem como a música clássica, sei bem o que é ver uma música belíssima, carregada de fortíssimas emoções ou com uma batida contagiante ser desprezada simplesmente pelo fato de o ouvinte não conseguir entender o que diz a letra. Ora, e se tratando da música puramente instrumental? Quem disse que uma música precisa ser cantada em português para ser compreensível? E quem disse ainda que pra entender sua mensagem e as intenções do artista é necessário a compreensão das palavras? A música é mais poderosa do que essas simples barreiras. E justamente por isso é tão incrível. Justamente por isso os compositores e músicos conseguem performances tão extraordinárias, pois a linguagem musical é livre. Livre. E é essa liberdade que eu experimento cada vez que escuto uma boa música.

Como seria bom se as pessoas conseguissem apreciar a boa música com a devida reverência que essa arte idílica merece. Como seria bom se as pessoas parassem de dar importância apenas ao comercial, apenas ao superficial, e mergulhassem de cabeça nas infinitas possibilidades que a música nos oferece. Acredito que o mundo seria um lugar melhor de se viver, se todos vivessem a música!

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