quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Apostas

O que está acontecendo comigo, será que alguém pode me responder? 

Os terapeutas não chegam a nenhuma conclusão, trabalhamos em problemas pontuais aqui e ali, mas ainda me sinto preso num novelo de lã, onde cada nó leva a outro e assim, enrolado, até que não consiga mais fazer nada. Eu me vejo estagnado, paralisado, sem conseguir crescer. O único momento em que sinto que algo acontece de diferente é quando em algumas aulas consigo perceber que algo em mim se abre, mas logo eu volto a me fechar dentro de meu casulo, e não sei o que fazer para abri-lo. 

Dentro da minha cabeça, as coisas dançam em ritmos estranhos, e mesmo quando me divirto, a marcha da morte ainda se ouve ao longe, quase um sussurro. Ninguém mais a ouve, mas ela ainda me assusta. Como um presságio macabro que me persegue em todos os lugares. 

O Sol não me faz desejar viver, antes disso, vislumbrar o astro rei me faz querer me esconder, e esperar pela chegada da Lua. O amor também não me encanta mais, eu não o desejo mais, eu apenas busco evita-lo pois agora sei o quão doloroso pode ser buscar esse amor. Talvez a marcha que eu escuto seja uma forma do destino me avisar, que ali se encontra minha perdição. 

Acho que o cansaço, o total desinteresse pelo mundo, sejam resultados daquela grande desilusão. Como apostei nela todas as minhas fichas, agora que perdi eu não tenho mais como apostar em nada. Mas, se já perdi minha vontade de viver e amar, se aqueles que amava se foram sorrindo de minha desgraça e de meu abandono, se já perdi até minha forma humana e minha capacidade de me reconhecer, se não sou mais do que uma casca vazia, o que mais eu posso perder? Quanto mais a morte pode tirar de mim? 


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