Gustav Mahler
4. Von der Schönheit
Da Beleza.
Jovens raparigas colhem flores,
colhem flores de lótus na margem do rio.
Entre arbustos e folhas estão sentadas,
juntando flores nos seus regaços e interpelando-se
umas às outras e divertindo-se.
O sol dourado tece as suas formas,
reflectindo-se na água luminosa.
O Sol reflecte os seus esbeltos membros,
os seus ternos olhos,
e o Zéfiro levanta e acaricia
o tecido das suas mangas,
conduzindo a magia dos seus perfumes pelo ar.
Oh, vede! Quem serão estes jovens rapazes
ali à borda do rio, em soberbos corcéis,
ao longe brilhando como raios de sol;
já entre os ramos dos verdes salgueiros
aproximam-se a trote os vigorosos rapazes.
O cavalo de um deles relincha alegremente
assusta-se e parte subitamente;
sobre as flores e as ervas estremecem os seus cascos
pisando, em brusco turbilhão, as flores que se abatem.
Ei! Como se agitam as suas crinas em alvoroço,
e fumegam os seus quentes narizes!
O sol dourado tece as suas formas,
reflectindo-se na água luminosa.
E a mais bela das raparigas dirige-lhe
longos olhares de desejo ardente.
A sua orgulhosa postura é só um disfarce.
No brilho dos seus grandes olhos,
na escuridão do seu olhar apaixonado,
vibra penosamente a exaltação do seu coração.
(Tradução: Ofélia Ribeiro)
4. Von der Schönheit
Da Beleza.
Jovens raparigas colhem flores,
colhem flores de lótus na margem do rio.
Entre arbustos e folhas estão sentadas,
juntando flores nos seus regaços e interpelando-se
umas às outras e divertindo-se.
O sol dourado tece as suas formas,
reflectindo-se na água luminosa.
O Sol reflecte os seus esbeltos membros,
os seus ternos olhos,
e o Zéfiro levanta e acaricia
o tecido das suas mangas,
conduzindo a magia dos seus perfumes pelo ar.
Oh, vede! Quem serão estes jovens rapazes
ali à borda do rio, em soberbos corcéis,
ao longe brilhando como raios de sol;
já entre os ramos dos verdes salgueiros
aproximam-se a trote os vigorosos rapazes.
O cavalo de um deles relincha alegremente
assusta-se e parte subitamente;
sobre as flores e as ervas estremecem os seus cascos
pisando, em brusco turbilhão, as flores que se abatem.
Ei! Como se agitam as suas crinas em alvoroço,
e fumegam os seus quentes narizes!
O sol dourado tece as suas formas,
reflectindo-se na água luminosa.
E a mais bela das raparigas dirige-lhe
longos olhares de desejo ardente.
A sua orgulhosa postura é só um disfarce.
No brilho dos seus grandes olhos,
na escuridão do seu olhar apaixonado,
vibra penosamente a exaltação do seu coração.
(Tradução: Ofélia Ribeiro)
Das muitas coisas que os jovens tem em seu coração, uma em especial é inesgotável fonte de inspiração: a paixão.
Paixão que arde em desejo, paixão que até mesmo encontra na natureza sua realização. As flores florescem como um presente de amor aos homens, as arvores crescem como membros altivos a espera de suas amadas a despertar-lhes o gozar. Tudo o que o sol toca é capaz de amar.
Os jovens enamorados se entreolham, e em seu olhar há todo o desejo de seus corações, que em seus corpos há de transpirar. A beleza é o catalisador dessa paixão.
Num campo iluminado por poderosos raios de sol um homem cavalga em seu alazão, seus cabelos dourados refletem aquela luz do astro lá do céu. A camisa branca se estende grosseiramente pelo peito forte, os braços duros como aço seguram as rédeas e as veias saltam como se fossem explodir. Os lábios vermelhos como sangue, a pele clara um pouco avermelhada pelo sol, ou seria pela luxúria?
Do outro lado, o linho delicado desliza pelas costas, deixando a mostra uma faixa de pele tentadoramente convidativa. Delicadas mechas deslizam por um rosto avermelhado pelo esforço. Lábios se contraem, músculos se tornam tenros e a respiração um pouco mais forte.
A visão daquele homem no cavalo é de uma beleza sem igual. Uma vez que seus olhos se cruzam, azul e castanho, a paixão fora arrebatada. Não há mais o que fazer.
Naquele campo, iluminado pelos poderosos raios de sol o amor canta então a sua doce canção, acompanhado pelo ritmo dos gemidos e suspiros, o compasso marcado pelo farfalhar delicado da grama. Mãos que se apertam, lábios que se mordem e ruborizam como sangue, lascívia, amor. Tudo se encontra em perfeita harmonia.
A natureza em sua beleza se une aquela beleza do amor.
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