quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Sem sonhos

Quanto tempo ainda conseguirei me manter acordado? Por quanto tempo vou conseguir fugir de meus próprios sonhos, que ousam me perseguir como tentáculos gelados a rodear minha mente?

Se eu fechar os olhos sei que consigo imaginar, sei que consigo ver o quanto ainda sou capaz de amar. Mas também sei que se fechar os olhos, o mundo que verei ali não será mais do que uma versão muito bem montada dos desejos mais carentes que habitam os recessos de minha mente.

Não quero dormir, não posso fechar os olhos. 

Um sonhador que só sabe sonhar e esquece de encarar a realidade não é outra coisa senão um prisioneiro de sua próprias necessidades. Não é liberdade sonhar e perder-se num mundo que só existe dentro de uma única mente.

Ainda que a vigília seja cansativa, é melhor do que a solidão de viver perdido num jardim onde, embora tudo esteja florido, não há cheiro de verdade, onde tudo é mentira.

A mentira é convidativa, mas aprisiona, nos prende, e nos corta as asas. Não vale o sacrifício de um sorriso que é ver o sol de verdade nascer e iluminar um mundo inteiro que, embora com suas dores e sombras, ainda é o mundo do real.

Quero manter meus olhos abertos, e me concentrar no momento, permanecer com a mente limpa. Não quero me deixar cegar pelos devaneios, e nem pelos sonhos descabidos. Não quero mais a cegueira. Ainda que o sol machuque meus olhos, é melhor do que viver na escuridão da minha própria ilusão...

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