terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Estocolmo

Sinto saudades. Daquele toque, daquele abraço, mesmo que desajeitado. Daquele sorriso no meio da missa, daquela implicância. Sinto falta.

Sabia que isso ia acontecer. Sabia e fingia não saber. Mas uma hora eu teria que sentir, que a corrente que tanto me aprisionou também era minha companhia. Sinto saudades agora que o adeus foi oficial, mas não devia, afinal o adeus já havia se dado muito antes disso. 

É engraçado, antes de acabar, tudo o que eu queria era que acabasse, mas agora que acabou a minha mente romantiza todo o sofrimento que passei, como se houvesse motivo pra sentir falta. 

Mas do que eu deveria sentir falta? De me dedicar completamente a alguém que não dá a mínima pro que faço? Ou de desejar alguém com todas as minhas forças, a ponto de exaurir o meu corpo, enquanto ele sequer tinha olhos para mim? 

Acho que mereço tudo o que me aconteceu. É tudo culpa minha. Por me apaixonar, por não perceber os sinais, por alimentar algo tão grandioso que se tornou tão doentio e obsessivo dentro de mim. Estou recebendo apenas a paga devida pelo meu desvario. 

E ainda assim, depois da toda a dor, depois de tantas lágrimas, eu ainda fecho os olhos e vejo as nuvens, e de lá de cima olho o mar, com suas águas verdes com de esmeralda, que me lembram os olhos dele, lugar para onde adorava viajar. 

Mente maldita, romantiza teu sofrimento como se não fosse a mesma a sentir a dor que ele lhe causou. Como se não sentisse os surtos onde termina inconsciente sobre uma cama, sem lembrar de anda além de seu próprio nome, sem se reconhecer no espelho, sem conseguir erguer uma mão sequer. 

Portanto para de sentir falta, mate esta saudade, viva como se estivesse sozinho, pois embora os outros estejam ao teu redor, nenhum deles pode entrar para preencher o vazio que ele deixou em seu coração.

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