domingo, 16 de janeiro de 2022

Mínimo

Um sábado atipicamente longo, geralmente ele passa na velocidade de um trem bala dando logo lugar ao domingo e a sensação crua de que seremos regurgitados para a realidade no dia seguinte. E ainda foi um dia quente, tornando tudo a se fazer ainda mais dolorido, cobrindo nosso corpo com uma camada fina e brilhante de suor e uma sensação de permanente desagrado. Eu não fiz absolutamente nada hoje além de assistir e dormir e ainda assim sinto que foi muito. 

Após um sono pesado no final da tarde, incomodado com o tecido quente da cama e a aura de calor, eu acordei com a estranha sensação de que o tempo finalmente havia passado, depois de ter sentido que vários dias foram espremidos até as quinze horas. E esse dia passou com a grande sensação de um nada que se espalhou e tomou conta de tudo. 

Aqui dentro a sensação é exatamente essa também, completamente vazio. Sinto ainda, no fundo, um pouco de ansiedade, medo na verdade, por uma possível outra crise de pânico, perspectiva que tem sido um pesadelo nos últimos dias. Recorro as armas que tenho: um chá calmante e músicas que me deixem bem, mas a realidade é que essas coisas, embora ajudem, não podem impedir o leão de rugir quando ele bem entende. Me acalenta um pouco fazer uma breve maratona de um draminha leve agora à noite, é o que posso fazer por mim nesse momento.  

Parte da tranquilidade da vida vem de aceitar que bem poucas coisas estão sob nosso controle, e eu tenho aceitado isso, fazendo o mínimo, vivendo no low profile, preferindo o silêncio ao barulho. Não tenho nem vontade de sair e fazer novos amigos, mesmo que o número deles tenha caído vertiginosamente nos últimos tempos. Quando sinto saudades ou me sinto sozinho apenas aumento a música, olho o perfil de um ator tailandês ou viro pro outro lado e torno a dormir. As trilhas sonoras me arrancam do torpor e eu até danço um pouco, uma bela foto consegue tirar de mim um sorriso, e assim eu vou seguindo, um dia de cada vez, uma crise de cada vez. Minhas noites tem sido assim, esperar pela crise de novo ou mergulhar nas histórias de amor de modo a não me afogar num oceano impetuoso.

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