quarta-feira, 30 de março de 2022

Alegria e Dor

É uma noite calma, fresca, e no player a voz de Dolly Parton canta o belo refrão de Hou Great Thou Art, um belíssimo hino, e agora consigo sentir um pouco da tranquilidade que esse momento significa. Até agora pouco eu sentia aquela inquietação típica do pânico noturno que se anuncia, mas sem chegar propriamente, apenas a aura de desespero, um gosto amargo na boca. 

É um traço das crises de depressão que tenho tido nesses dias de episódios mistos, parece que há sempre algo a espreita, esperando pelo momento certo para me devorar. Então eu me encolho de medo, me prostro, e rezo para que alguém venha em meu socorro. 

Em alguns dias eu consigo ver traços de luz, consigo ver o sol nascendo distante no horizonte e fazendo sumir as trevas do coração, mas as sombras não desaparecem completamente, elas permanecem escondidas, no cantos mais remotos do meu ser, apenas para aparecer em alguns outros momentos. Hoje eu vi a ambos, a luz e a escuridão. 

Isso me fez perceber que ambos coexistem dentro de mim, há alegria e dor, luz e escuridão, e estão dentro de mim, numa luta constante e por isso variam em quantidade. Muito embora as trevas pareçam ganhar, quando a alegria chega ela é genuína, e com isso ninguém pode se igualar.

Por isso eu digo que não sou um pessimista mas sim um realista de luto, que tenta ver as coisas como elas são, e se pareço demasiado negativo é apenas por perceber o alto grau de entropia que há nas coisas ao meu redor, bem como da energia necessária para criar um pouco de ordem no caos que parece reinar por sobre a realidade. 

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