segunda-feira, 7 de março de 2022

Viagens e Demônios

Acompanho os acordes delicados de uma canção tailandesa cujo nome em nem consigo pronunciar, mas ela é doce e certamente fala sobre o amor, nisso a linguagem universal da música não falha. Ela me acalma me transportando para um mundo diferente, uma terra verde e úmida, de águas azuis e hipnotizantes. longe das grandes cidades, numa pequena aldeia no interior da Tailândia. 

Não é meu habitat, eu sou um garoto da cidade, e com certeza iria preferir passear pelas ruas movimentadas de Bangkok na esperança de encontrar algum idol que eu tanto admiro, mas ela ainda me transporta pra esse universo vegetal que me acalma de maneira quase sobrenatural. A música calma é a parte sobrenatural que, na minha vida, se contrapõe aos gritos dos demônios nas madrugadas. 

A parte humana é a que eu me entupo de remédios para dormir e ignorar a verdade latente que se revelou na última noite: um demônio habita minha casa, demônio de barulho e desordem, de contenda e ira irreprimível. 

Tenho estado viciado em fugir da realidade, em me transportar para o universo das músicas, milhões de vezes mais agradável que a verdade latente que me ameaça a vida a cada noite, espreitando nas sombras com uma faca prestes a sangrar o meu pescoço num ritual satânico de oferenda aos demônios de hordas mais poderosas. 

Minha playlist e meus remédios são a linha tênue que me separa dessas criaturas horrendas, e as histórias de amor são a cristalização alquímica que a música empreende resultando num mundo de ouro onde essa realidade não existe mais. 

Essa realidade é feia demais para ser vista sem algum tipo de droga, sem algum tipo de filtro. É melhor não ver as coisas como elas são, ou o demônio pode nos devorar. Quem me dera descrever, os tesouros tão sublimes, que há no adormecer. 

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