quarta-feira, 2 de março de 2022

Tão estranho, ignorar quem um dia esteve ao seu lado, quem já foi mais do que irmão e hoje é mais um na multidão e apenas isso. Tão estranho como as coisas mudam, como a lua muda, e como gira a roda da fortuna, como ela lança a espada do destino onde bem entende. E assim as coisas vão se transformando, sem que tenhamos nenhum controle sobre elas. Não somos mais do que pó, e essa é uma reflexão mais do que propícia nessa Quarta-Feira de Cinzas, nossa existência é mínima, é um simples aceno na imensidão desse mundo, e sobre nada temos controle. Estamos como náufragos sendo levados para onde deseja o grande oceano, estamos nele e ele nos abarca completamente, ditando nossas vidas como bem deseja. 

O que posso fazer? Seguir meu caminho no meio da multidão, fechar os olhos e esquecer os momentos bons que passamos juntos, esquecer tudo o que um dia teve significado e que hoje ficou apenas no passado, tempos que não voltam mais, sorrisos que nunca mais vão sorrir, um tempo que passou, mas que passou por cima dos nossos corações sem piedade alguma. É sempre assim, o tempo passa e não há misericórdia para o homem, o tempo passa e o que não é aproveitado simplesmente desaparece, simplesmente se desfaz, como um grande castelo reduzido à cinzas, como uma grande amizade que se foi. 

Isso coloca o mundo em perspectiva, e eu já não consigo acreditar mais em coisas como amizades e amores eternos, essas coisas também são pó, se desfazem com o tempo, estão todas sob o mesmo peso do destino, fora do controle das nossas mãos.

Por entre essas palavras eu me levanto e pego uma xícara de chá, apesar de tudo a minha vida continua. 

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