terça-feira, 18 de julho de 2023

Coleção

Já adianto que esse será um texto regado a luxúria e vinho e que eu não me responsabilizo caso você tenha vindo parar aqui esperando alguma coisa de qualidade. Sinto muito.

Me impressiono, desde o dia em que cheguei aqui, com a quantidade de homem bonito dessa cidade. É deslumbrante, e são de todas as formas. Loiros, brancos, altos, baixinhos, negros, morenos, asiáticos... Todos lindos. Basta ir até a esquina que seja para encontrar uma profusão de machos de todos os tipos, daqueles que exalam testosterona ou ainda com cheiro de leite, ou ainda com cara de quem está cumprindo condicional ou de que vão a igreja ao sábado a noite depois de terem ido pra suruba com o filho do pastor na sexta. Uma verdadeira delícia de espeto misto masculino.

Claro que em dias assim eu não posso deixar de imaginar como seria se eu, por alguma bênção de Príapo, fosse capaz de foder com todos eles. Seja o rapaz com carinha de bom moço que anda de mãos dadas com a namorada loira genérica na feira ou o tatuado com jeito de poucos amigos e provavelmente muita potência... O novinho querendo experimentar a vida ou a gay que se mudou pra cá e precisa se aliviar de qualquer jeito. Todos eles, ao mesmo tempo, numa mansão com muito álcool, muito tesão e nenhuma peça de roupa. 

Hm. Patética minha tentativa de escrever algo lascivo. Reconheço.

Muito embora nada disso seja mentira é, na realidade, um exagero. Apenas numérico, que fique claro. Porque o que eu desejo de fato, muito embora também seja regado à muito suor, é apenas companhia. E isso me veio com uma força tremenda quando, antes de terminar o último parágrafo eu me deitei pra sentir o efeito da meia garrafa de vinho que tomei e, além disso, senti também o vento frio de um tempo que acabou de mudar e só conseguia pensar em como queria abraçar alguém, bem forte, seja uma das minhas paixões ou um dos rapazes que vi hoje no Festival do Museu da Imigração, só queria poder abraçar alguém, me achegar no seu pescoço e, sorrindo, sentir o seu coração bater, enquanto sentia aquele sol quente... Na realidade eu queria alguém que pudesse aquecer meu coração. Apenas isso. 

Bom, o vinho acabou e estou com preguiça de sair para comprar mais. Só posso voltar pra cama, virar pro outro lado, me enrolar mais na coberta e torcer pra dormir. No fim só o que resta é a solidão.

X

O dia amanheceu lindíssimo, meio nublado, com uma chuva leve caindo em alguns momentos silenciosamente. Acho que o inverno finalmente está chegando e uma amiga mandou um vídeo de homens usando versões bem minimalistas da armadura da Mulher Maravilha em corpos absurdamente esculturais feitos por alguma Inteligência Artificial, como se todos eles fossem guerreiros preparados para uma batalha, mas demônios não é exatamente o que eles devem enfrentar... Só queria um guerreiro pra ficar assim de conchinha comigo até mais, até ter coragem de levantar e, quem sabe, viver um pouco. Não lutaria com nenhum deles, senão que seus corpos largos me abraçariam como um escudo, me afastando da solitária manhã de uma segunda com folga... E nem digo o que faria com as espadas.

(...) E novamente a angústia. Começou prudentemente, como uma caricia, depois instalou-se, modesta e familiar, no vazio do estômago. Não era nada: simplesmente o vazio. Vazio dentro de si e à sua volta. (Jean-Paul Sartre)

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