sábado, 22 de julho de 2023

Suas músicas

Que manhã agradável! Desde o despertar olhando o mangue verde pela janela, as mensagens de votos de bom dia de dois amigos queridos até o percurso tranquilo ao trabalho. Sentei bem confortável no escritório, ao lado de uma fumegante caneca de café, ao lado de uns tantos belos quadros com as paisagens distantes e poéticas de St. Paul de Vence nas pinceladas de Juarez Machado, a música baixinha no player indo desde  voz poderosa e romântica do Jeff Satur até uma bela coletânea de obras orquestrais de Shiro Sagisu dando um tom tranquilo, sem a minha melancolia habitual, a essa bela manhã em que a chuva fina me toca o ombro com carinho e que o silêncio lá fora impera sobre o descanso de uma cidade em que o trabalho é quem dita as estações mas que agora dorme confortavelmente ao acalentar dessa mesma névoa matutina.. É realmente uma manhã agradável. 

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Decidi ouvir as suas músicas de modo mais ordenado. Elas foram se acumulando nas nossas conversas e admito que, em humores diversos durante os dias, é difícil parar e conseguir entender o que elas querem dizer ou, mais difícil ainda, entender o que elas podem significar para você. 

Foi algo próximo de quarenta faixas, desde excertos de obras operísticas, canções de países diversos, produções indie, solos em piano e clássicos da era de ouro do rádio americano (onde você achou isso menino?). Enfim, um conjunto heterogêneo e que, por isso mesmo, revela uma riqueza de cores em sentimentos profundos, cantados num lamento ou numa esperança cadente, sob a luz da lua ou dos holofotes de antigos programas de auditório. Mas uma linha permeia as diversas faixas: uma certa melancolia comum a todas, comum a todos nós mas expressa como a força de um mar revolto que a tudo engole. Trata-se de emoções poderosas, e me envergonho pela aparente superficialidade das minhas músicas, mas pude sentir na realidade uma poderosa gama de sentimentos, de amores, de saudades, de belas paisagens, todas carregadas dessa nostalgia ou desse desejo profundo, talvez uma mescla de ambos...

Queria poder dizer que agora entendo você mais um pouco, bom, posso dizer agora vi mais de você, e vi de verdade, em silêncio, sem os meus próprios pensamentos competirem com as notas e arpejos, e gostei muito do que vi, pois que vi algo de beleza impressionante, como já sabia e que essa experiência apenas veio a confirmar uma vez mais. Mas não o entendi, ainda permanece um mistério para mim, talvez porque tenha, ainda que inconscientemente e só percebi isso agora, buscado a mim mesmo em alguma delas, encontrando muito do seu coração, do que sente, do que acha belo, do que lhe desperta carinho, empatia e afeição. Belas visões. Obrigado!

3 comentários:

  1. As vezes tenho a leve impressão de que você descreve alguém que conheço de vista, porque sinceramente, estes homens joinvillenses andam iguais - ou a cidade é pequena demais. Contudo, se o gajo que escuta estas músicas ter uma cara de pseudointelectual coitado, um livro do Marx enfiado na cueca e um olhar penoso, pode ter certeza que sei quem é.
    obs: poderia escrever que Nietzsche acreditava que a música era a verdadeira arte e toda essa ladainha, porém a chatice não me pegará hoy. ( Não estou ficando burra (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), nem sem argumentos (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!), caso interesse algum leitor futuro que futrique publicações antigas.)

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    1. Hahauahua nossa, mas o gajo em questão é de Luziânia - GO, se veste como um agroboy fofo e carrega livro com anotações de cálculos de química que eu não faço ideia do que se trata.

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    2. Deus, ainda bem. Nada pior que um socialista penoso

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