terça-feira, 17 de setembro de 2024

A Condenação de Cada Manhã

"Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?" (Charles Bukowski)

Em algumas horas será mais uma manhã de segunda-feira. Posso sentir as pessoas cansadas se preparando para acordar e enfrentar mais uma semana de trabalho. Chove lá fora, e não parou o dia inteiro. Não consegui ir à Missa hoje, não saí da cama, prostrado em depressão. Há muito tempo não ouvia INFINITE e, embora minha ideia inicial fosse algo calmo que combinasse mais com o barulho da chuva no telhado de cerâmica do vizinho, acho que as músicas dele combinaram bem. Pelo menos não enjoei do barulho da chuva, mesmo tendo ouvido mais dele nos últimos dois anos que nos outros vinte e sete da minha vida. Gosto do barulho da chuva e da música baixinha. Não enjoei da música como enjoei do trabalho e tudo mais. Tenho apenas mais um dia de folga, e aí a minha semana vai começar também. Depois de tantas formações ainda trabalho aos sábados e feriados. Todos estão cansados. Ou melhor, quase todos. Outros estão viajando e dando ordens à distância. Eu estou cansado. Posso sentir a preguiça com que todos vão acordar daqui a pouco. Droga.

A chuva persistiu por toda a noite, e hoje é uma segunda cinza, um dia lindo como poucos sabem apreciar. Assisti um pouco durante a manhã, enrolei mais no início da tarde e agora, pela metade, já me preparo para dormir e descansar para dar início a mais uma semana amanhã. Meu notebook continua dando problema na bateria e só me resta esperar o próximo mês para levar numa assistência técnica, pois estou no limite de crédito já. Essas coisas são uma droga. Minha impressora está há mais de um ano precisando de conserto pelo mesmo motivo, e poderia fazer uma lista bem longa de outras coisas que simplesmente vou deixando para lá, me acostumando, para não ter que consertar. Quantos problemas foram se acumulando...

E o que ainda estou fazendo aqui? Eu não faço ideia. 

Talvez eu tenha medo, de colocar um ponto final definitivo. E por isso continuo nesse inferno. Provavelmente ao término dessa vida outro inferno, um eterno, me aguarda também. 

E, não de repente porque eu já esperava por isso, me fugir toda vontade de terminar esse dia. Ou talvez tenha perdido a vontade de terminar esse e qualquer outro dia pobre, sem perspectiva e sem sonhos. Melhor eu ir dormir. É o que resta a um pobre condenado. 

"Naturalmente, nós todos caímos em
baixo-astral, é uma questão de
desequilíbrio químico
e uma existência
que, por vezes,
parece impossibilitar
qualquer chance real de
felicidade."

(Charles Bukowski)

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