É claro que eu já estava com intenções de escrever sobre The On1y One desde o início da temporada, mas, uma resenha seria uma coisa descritiva demais para a experiência tão íntima que essa série me proporcionou.
Eu não costumo poupar elogios, e isso faz com que eu pareça do tipo que gosta de qualquer coisa, mas a verdade é que eu gosto de ver beleza nas coisas. Porém, quando algo como essa obra aparece, acaba por transcender a minha capacidade de descrever e me resta apenas o silêncio, e em vários episódios eu fiquei ali, vendo os créditos subirem, em silêncio profundo, encantado e hipnotizado pela experiência de poder acompanhar uma história tão linda, tão profunda e cheia de camadas e, ao mesmo tempo, tão simples.
O despertar da juventude, das potências do homem e o lidar com as adversidades dessa fase, de tantas incertezas, especialmente em situações envolvendo a intimidade do lar, o mostrar-se vulnerável e o ser forte e presente para o outro.
Quando Sheng Wang e Jang Tian se conheceram, e descobriram que deveriam ser uma família a partir daquele momento, nenhum dos dois se sentiu confortável com isso: ambos já tinham visto um lar desmoronar, e ambos ficaram tanto tempo sozinhos que, ao seu modo, descobriram uma forma de viver que não incluia se apoiar em alguém.
De repente se encontram então diante de uma situação extremamente desconfortável, não de pequenos ajustes e aceitações, mas de confrontação com a parte mais profunda da intimidade: a família, o lar. E então, eles que a princípio sentiam o incômodo do outro, foram se aproximando de tal modo que, transcendendo até mesmo as paredes daquela casa, frequentada por novas pessoas, tornaram-se família e lar um para o outro.
A forma como essa aproximação se deu nas pequenas demonstrações, nas aberturas simples, nesse morde e assopra, fogo e gelo, típicos da intensidade adolescente. Se beijaram duas vezes, mas, como eles mesmo disseram, foi apenas um toque de lábios. Intimidade mesmo é caminhar em silêncio sem sentir desconforto, é chorar num abraço apertado, é comer e sorrir enquanto observam o mar. Assim se dá a aproximação, a abertura de coração.
Mas é também assim que, ao abrir e vendo novas luzes, pintando a tela da vida com cores até então desconhecidas, que o medo pode tomar conta e então vem a reação primária de todo homem que se vê diante do amor, tão impossível de ser evitado quanto avassalador em sua descoberta: o medo.
Ainda há um caminho a ser percorrido, afinal não podemos esquecer que, quando temos 17 anos, o mundo todo é nosso. Mas a caminhada até aqui já valeu. Valeu pela beleza de uma jornada que soube encantar de modo tão simples e tão intenso que, não raramente me fez participante daquele momento, daquela juventude, apaixonada, assustada, machucada e que aprendia a se curar no carinho e no cuidado.
Uma descrição incompleta, claro, não poderia ser diferente, como também não posso me furtar a encerrar essas palavras, fechar os olhos, e deixar mais algumas lágrimas rolarem. É demais para que eu consiga explicar. Assim como eles, só me resta terminar em silêncio.
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