"Se amar algum dia, guarde bem seu segredo! Não o revele antes de saber perfeitamente a quem está abrindo o coração. Para preservar antecipadamente esse amor que ainda não existe, aprenda a desconfiar deste mundo." (Honoré de Balzac)
Voltando ao silêncio, aprendendo a silenciar verdadeiramente, a ouvir, aprender, observar, amar na simplicidade, sem fazer disso grande alarde. Mais uma vez vejo que preciso aprender essa lição. Mais uma vez me machuquei por falar demais, por ser demais, por sentir demais.
Felizmente, esse momento de introspecção veio um dia antes de eu poder ficar um pouco mais quieto, em casa, tomando chocolate quente e vendo um filme romântico fofo. Depois de um inferno depressivo, eu precisava desse momento, precisava não pensar muito, precisava me deixar levar pelo sono acumulado das noites inquietas e pelo doce alento dos remédios que me fazem dormir, na companhia de um céu nublado e de uma playlist que ajude a criar um ambiente acolhedor, muito embora a inquietude advenha justamente de um desequilíbrio químico interno, e não exterior.
Não tenho muito a dizer agora, na verdade, quero justamente não precisar dizer nada. Quero apenas fechar os olhos e me entregar. É verdade, e o digo correndo o risco de deixar meu texto pedante pela centésima vez, que gostaria de poder fechar os olhos e não mais abrir, mas, se terei que acordar de novo, que ao menos possa descansar a mente um pouco.
Estou triste, é verdade, em perceber mais uma vez que apenas eu sinto, ou que, pelo menos, apenas eu demonstro. Mas isso é uma questão longa que não quero analisar aqui. Eu devia, assim como me silenciar, adotar também uma postura que não espere por grandes demonstrações de afeto e carinho.
E é de uma fina ironia perceber isso enquanto acompanho justamente histórias sobre barreiras sendo superadas, sobre pessoas que entendem os sentimentos umas das outras. E eu vou erguendo minhas barreiras, entendendo e sendo entendido cada vez menos.
Isso porque estou cansado, cansado de sempre ser eu a ter que entender, me adaptar, aceitar, compreender, acolher, enfim, me esforçar. Sou eu que acorda pensando logo cedo pela manhã e que vai dormir ainda querendo tê-lo ao meu lado, sou eu que penso mesmo quando esmagado pelas minhas obrigações. sou eu que, no fim das contas, ama e, por amar, acaba se esquecendo de todo o resto, inclusive de mim mesmo. E, muito embora o amor seja realmente para o outro, e não para mim, na prática, isso dói, isso dói demais.
Por fim, uma frase de uma série que assisti me chamou muito a atenção e ficou ecoando no meu peito antes de eu adormecer. Um disse ao outro que "se eu tivesse alguém que me amasse como você ama o Mhen eu não estaria nessa situação." Parafraseio então "Se eu tivesse alguém que me amasse assim, não estaria nessa situação."
Foi meu último pensamento antes de cair na profunda escuridão da hora dulcíssima do sono.
"Você trespassa minha alma. Sou metade agonia, metade esperança. Não me diga que é tarde demais, que sentimentos tão preciosos foram-se para sempre. [...] Faço planos pensando em você. Você ainda não percebeu? Terá você falhado em entender meus desejos? Creia que tal afeto é mais do que fervoroso e mais do que constante." (Jane Austen)
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