segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Reflexão

Hoje me chamaram a atenção para a confusão que faço quanto a meus próprio sentimentos. E fiquei com esse questionamento na cabeça: será que de fato eu compreendo as reais motivações por detrás do meu coração. 

Nesta noite, diferentemente de todos os outros dias, escrevo no silêncio, a ouvir apenas as vozes que de dentro de mim gritam para que eu as escute e que por sua vez, deixam na minha carne, a impressão de querer gritar e assim me fazer ser ouvido pelo próximo.

Estou a me recuperar lentamente de uma pequena crise nevosa do último fim de semana. Me deparei com uma série de notícias e acontecimentos de dificil resolução e não consegui aceitar ou resolver da maneira mais sóbria possível. Resultado: fiquei andando por aí feito um zumbi, sob efeito de benzodiazepínicos e com cara de enterro, como disseram meus amigos. De fato eu não sei disfarçar meu desgosto e muito menos minha tristeza por detrás de uma expressão sorridente, isso é uma das coisas que nunca aprendi a fazer. Por outro lado isso quase sempre significa atrair sobre mim uma atenção desagradavelmente desnecessária que me faz parecer um dramático exagerado patologicamente necessitado de atenção. Não que eu não o seja, mas não gosto disso sendo exposto de maneira óbvia pra todos e também não gosto de bancar a vítima do destino cruel, coisa que lamentavelmente eu continuo fazendo ainda que inconscientemente. 

O Gabriel destes últimos dias não era o menino brincalhão e que faz piada com absolutamente tudo que o cerca, pelo contrário, estava cabisbaixo, choroso e carente, com um olhar digno de pena que pedia por um abraço apertado.

A descoberta que infelizmente fiz acabou por minar todo meu chão, destruir minhas expectativas e acabar com a minha já prejudicada auto-estima, resultando não apenas nesse post, mas em dezenas de páginas de lamentos que fariam invejam até mesmo ao Rei Davi em seus dias de pecado mas que não foram publicadas aqui, mas sepultadas em meu peito. O fato é que foi um golpe tão brutalmete poderoso que mais do me tirar o fôlego, acabou por destruir até mesmo minhas pernas, me impedindo de fugir e correr, o que era minha vontade. 

Mas parando para refletir com sinceridade sobre os sentimentos que tenho dentro de mim, com uma certa ajuda, cheguei à conclusão de que de fato, nem mesmo para mim esses sentimentos estão claros e delimitados. Eu estou apaixonado. Eu estou amando. Mas não consigo dizer ao certo por quem sinto o sentimento mais poderoso. Infelizmente, e digo isso com o gosto amargo de uma auto revelaçao cruel na boca, que meu coração se encontra em pedaços. Foi quebrado e dividiu-se em pequenos pedaços, cada um pertencente a um dono diferente. Como se, depois daquele trágico término de namoro, meu coração buscasse, como um sistema imunológico, formas de se defender da dor da solidão e do abandono e assim se entregou a vários outros, e agora, como resultado, meus sentimentos por essas pessoas se mesclam e se difundem, numa confusa colcha de retalhos. 

Dentre esses que receberam os fragmentos de meu coração se encontram alguns que também correspondem a meus sentimentos. Outros não. Outros que me deixaram e por fim, outros que ainda não se manifestaram, muito provavelmente pelo fato de que a confusão mental não é privilégio apenas meu.

Uma velha máxima diz que "Se estamos em dúvida quanto ao amor entre duas pessoas, na verdade não amamos nenhuma delas, pois se amássemos uma delas, a outra não despertaria nenhum sentimento." E concordo plenamente com essa afirmação. No meu caso, no entanto, creio que seja um caso onde sentimentos diferentes tenham se manifestado de formas semelhantes, e eu ainda imaturo, não consegui fazer a distinção que a situação exigia, resultando numa realidade onde aparentemente eu estou apaixonado por todos e nenhum ao mesmo tempo. 

Pensando bem então, eu confundi com amor as demonstrações de carinho e afeto em diferentes níveis, quando na verdade essas demonstrações apenas queriam evidenciar uma atenção ou uma amizade especial, não necessariamente um interesse amoroso. Claro, também há em mim um sentimento de traição, como se não estivesse sendo justo e nem verdadeiro comigo mesmo e como o próximo, mas minha intenção nunca foi magoar ninguém e acredito que minhas palavras sejam suficientes pra provar que eu mesmo estou confuso demais para, propositalmente enganar alguém.

É fato também que, ainda amo aqueles que se foram e deixaram em mim suas marcas profundas. Também amo aquele que tem se dedicado a mim nesses dias. Mas amo também aquele cujo sentimento nunca devia ter permitido nascer e que hoje tem sido a maior causa de minha dor. Mas nunca foi minha intenção dividir-me assim. Nunca quis que meus sentimentos se multiplicassem de tal forma que eu acabaria por parecer alguém sem nenhum caráter ou excrúpulo, confuso demais pra conseguir sustentar um relacionamento de verdade com qualquer um desses. Acabei me tornando uma das coisas que mais desprezo: uma daquelas pessoas que, tendo o coração cheio de pessoas, a nenhuma dá a atenção que merece.

Creio que eu deva então pensar com mais calma sobre tudo o que se passa na minha mente e no meu coração. Começar a realmente dar mais atenção as minhas prioridades e organizar também meus sentimentos em seus devidos lugares. Preciso descobrir a quem eu amo de verdade. Descobrir quem são meus amigos e descobrir assim, quem de fato sou eu. Se um jovem capaz de amar apaixonadamente ou apenas mais um moleque que ilude a todos na fútil tentativa de preencher o vazio do seu coração.

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