terça-feira, 14 de maio de 2019

Colosso

Vontade de te conhecer, de tirar esse véu que recobre o que posso ver do seu ser. Tenho a impressão de que vejo apenas uma casca vazia de ti. Sinto que não fui convidado a ver a profundidade do seu coração. Sinto como se houvesse uma imensidão dentro de ti, um universo inteiro de cores e lugares fantásticos, mas quando olho para você só vejo a mesma estátua de mármore, frio, duro e imóvel diante de meus braços frágeis. 

Você se ergue ante minha presença como um colosso, com a imponência daquele que se erguia em Rodes na antiguidade, e provoca em mim a mesma euforia extasiante que provocava nos viajantes que por ali passavam. 

Isso me deixa frustrado. É como se todos sentissem o calor que emana de seu sol, mas eu apenas sinto a frialdade marmórea do seus braços grandes e do seu peito rasgado. Você atrai todos a ti, mas eu apenas sinto medo e frio. Não quero me aproximar. Não quero ser mais uma vez lançado para longe de ti, com a ojeriza que se sente por um animal peçonhento. 

E não há fim. Não encontrei uma solução. Apenas uma queixa sobre como me sinto frágil diante de uma pessoa tão forte, de como me sinto mais uma vez um incapaz, por não conseguir adentrar seu coração. Não há final feliz. Não há uma boa conclusão. 

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