terça-feira, 7 de maio de 2019

Sob o peso

Estava tudo indo bem, até de certe forma desmoronar. Não, isto está errado. Nada ia bem, eu é que preferia fingir que sim, preferia fingir que não me importava, preferia seguir sem me deter em nada, mas agora tenho sido acometido pelo desespero. 

Uma onda de medo me invade o ser, me faz estremecer as pernas e mãos. É como se estivesse de pé em meio a tempestade, sendo lançado de um lado a outro por um vento terrível, com pedras de gelo me atingindo por todos os lados. 

Meus músculos congelaram, e meus lábios sangram com a força com que os mordi. As minhas lágrimas se misturam a chuva gelada, meu sangue tinge lentamente o aguaceiro de um vermelho delicado. 

Eu sabia que essa hora iria chegar, a hora em que precisaria fazer uma escolha. Eu sabia e fingia não saber. Agora o cansaço me destrói, o medo me consome, e sou dominado por uma dor insuperável. 

São mais compromissos do que sou capaz de cumprir. É mais do que sou capaz de fazer. E o vislumbre de tal incapacidade é a morte. Vejo no horizonte cada dia novos afazeres, novas obrigações. O desespero me circunda. 

Não consigo agir, estou paralisado. Incapacitado pelo meu próprio medo, pela minha própria dor em não ser capaz de fazer o que preciso fazer. É horrível ser assim, tão fraco, impotente, incapaz. Tão errado. 

São impressões como essas que me fazem querer desaparecer, fugir para tão longe que nem mesmo eu me reconheça quando chegar lá. 

Como é que as pessoas fazem isso? Como é que elas estudam, trabalham, saem com seus amigos e ainda se mantém saudáveis? Como é possível sobreviver quando a própria vida se lança sobre você como uma onda que destrói por onde quer que passe? 

Eu não consigo respirar, estou sendo sufocado pelo peso da minha própria existência, e é um peso grande demais para eu conseguir carregar. 

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