terça-feira, 7 de maio de 2019

Da aglutinação

Continuo cansado, mesmo depois de ter dormido horas nessa tarde. Não consegui fazer o que deveria ter feito, minhas obrigações estão se acumulando... Não vou conseguir dar conta de tudo... Eu não consigo dar conta de tudo.

Embaixo de meus olhos sinto um peso se acumular, lágrimas e lágrimas que querem cair. Essa vida, tantas obrigações, tem me feito chorar sob o peso de tudo o que preciso fazer. E por ter tanta coisa para fazer eu me frustro, e me fecho e fico triste. E por ficar triste não consigo fazer nada das coisas que preciso fazer, e fico triste por não conseguir fazer mais nada. Termino sempre no meu quarto, olhando o vazio do escuro, ouvindo o som do ventilador e da música baixinha no player, que deixo sempre ligado com medo de ouvir o que meu coração tem a dizer no silêncio. 

Ontem eu cheguei numa espécie de rompante. Não sabia o que fazer, apenas queria me deitar sem ter hora para acordar. Mas isso não seria possível, tenho de acordar pontualmente no dia seguinte, e no dia depois dele, e depois no outro, e no outro... Isso tem sugado, mas não há mais o que sugar, se já sinto meu ser se esvair no ar como fumaça, se já não sou mais do que uma sombra vagante e sorridente que profere em alta voz conhecimentos que não tem...

Acredito que teria feito algo de muito sério se tivesse ficado sozinho com os pensamentos que estava ontem. Me surpreendi quando, ao sair da missa, recebi uma ligação dizendo que tinha visitas esperando por mim em casa. Corri o mais rápido que pude, na esperança de encontrar algo que não me deixasse sozinho. E assim foi... Não sei se perceberam, mas aquelas duas pessoas que estavam aqui me salvaram ontem. 

Mas ainda me sinto cansado. De tudo!

Nas redes sociais há tanta informação que não consigo absorver, não consigo acompanhar. Não tenho lido, nem estudado, não tenho feito meu trabalho direito, não tenho conseguido me concentrar em nada... Me sinto inseguro, me sinto odiado mesmo quando me dizem o contrário. As paranoias se reproduzem numa velocidade assustadora, se proliferam e pululam em minha cabeça em número maior do que eu consigo contar. Minha cabeça e costas doem, meus braços e pernas estão sem forças. Preciso levantar, tomar um banho, e colocar aquela máscara que mostro ao mundo, de que tudo está bem. Mas de onde vou tirar forças pra isso? Como as pessoas fazem isso? Como elas lidam com tanta coisa, tudo ao mesmo tempo, sem enlouquecer? Como é possível viver sem enlouquecer?

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