domingo, 21 de julho de 2024

Depois

 
"Quem és? Perguntei ao desejo.
"Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada."

(Hilda Hilst)

Depois da tempestade, o céu se abrindo lentamente, ainda nublado, mas com nuvens mais claras, mais leves, ao menos aquela negritude e o som brutal dos trovões e dos raios cessou, agora estão longe. Não é como se fosse um belo dia, é mais como se estivesse numa praia nublada e fria, olhando a ressaca do mar depois de uma grande tempestade. Tudo que há é o silêncio, o vazio, o nada.

Ainda quero dormir, mas é como se aquele peso saísse de minhas costas. Isso me ensinou que preciso aprender melhor a lidar com os momentos de baixa frequência. Preciso saber lidar comigo mesmo, ainda sou um problema para mim. 

Ainda sou um problema. 

Ainda sou vazio.

Depois da tempestade, 
depois do vulcão, 
depois do desespero, 
das lágrimas, 
da desesperança, 
do fim, 
ainda sou nada.

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