Mas continuo tendo algo a dizer. Coisas aleatórias. Sobre como achei a luta entre Gilgamesh e Enkidu sensacional em Fate strange Fake, com aqueles inumeráveis disparos de armas vindas dos Portões da Babilônia e a dicotomia entre o princípio e o fim que ambos carregam.
Gilgamesh tinha em si o desejo da vida eterna, mas sua imponência como rei o fazia sinônimo de morte aos inimigos. Sua jornada em busca da vida eterna cruza com a criatura dos deuses, Enkidu, cujo único propósito era destruir o Rei de Uruk, Mas, após uma longa batalha que liberou poder equivalente para destruir e reconstruir o mundo diversas vezes, eles descobriram um no outro uma amizade profunda.
Gilgamesh que mataria a todos para se tornar eterno, já que a essência de seu povo consistia de sua própria essência, ainda que todos perecessem, seu povo permaneceria nele. Esse homem, o primeiro herói, se sacrificou para salvar aquele que fora enviado para lhe matar.
Enuma Elish, o mito babilônico da criação, se tornou então o grito de guerra desses dois amigos, guerreiros, ambos contendo em si a criação e a destruição.
Também tenho outras percepções, como mais vez perceber que venho sonhando e me ocupando demais com ideias materiais, esquecendo-me do que é realmente importante. O imanente tem me dominado, e preciso me esforçar para voltar o pensamento ao transcendente.
Me concentrei um pouco num episódio de Melancholia, a série coreana que tinha parado de assistir quando minha conta na plataforma fora cancelada. Me recordei de como gostei da atmosfera depressiva dessa série, onde os protagonistas lutam para reencontrar suas paixões e assim sair desse estado de apatia que o destino os colocou. Isso e, claro, a beleza inigualável do Lee Do-hyun que é, por si mesma, um remédio contra a depressão.
Quero falar ainda daquele abraço rápido que dei ao me despedir ontem após a missa. Me senti confortável para fazê-lo e talvez o tenha deixado sem graça, embora não tenha demonstrado. Me senti confortável por todas às vezes que ele me chamou antes da missa, por parecer confiar em mim e buscar apoio e segurança. Mais tarde descobri que era apenas a segunda vez dele servindo naquela posição de responsabilidade, e o fez magistralmente bem. Será que, numa próxima, ele me abraçará? Devaneios de quem quer aquilo que não pode ter.
Por fim, antes de mergulhar na melancolia do sono nessa segunda chuvosa, triste, solitária e silenciosa, me recordo de mais um, o último espero, amor não correspondido, e com o coração magoado, triturado, adormecerei lentamente enquanto o céu chora a minha sorte, ou melhor, chora a minha escolha.
Vou adormecer com o gosto amargo na boca de que ainda sou um problema para mim mesmo. Distante da maturidade necessária a um homem de estudos: sou uma criança com um pouco de cultura filosófica, mas ainda uma criança.
"Eu te olhava e pensava: será o amor da minha vida ou a dor mais forte que eu já senti na vida. Você foi ambas as coisas e a culpa é toda minha que te deixei ser." (Fernando Machado)
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