quinta-feira, 4 de julho de 2024

E em silêncio

Não sei identificar se estou cansado, anêmico ou deprimido (talvez tudo isso junto), mas tem sido bem mais difícil acordar cedo pela manhã nos últimos dias. Dizem que preciso comer melhor, mas não sei. Continuo chegando em casa e só querendo ir direto para cama, durante o dia passo o tempo todo querendo apenas isso, a doçura do não ser. 

Voltei ao silêncio do meu pensamento, talvez por isso eu esteja preferindo músicas mais complexas esses dias, e fique repetindo o tempo todo, que é pra não ter que pensar muito em nada. Fico sentado, em silêncio, olhando o sol idiota voltando a querer brilhar com força, sem entender que no inverno deveria sumir e deixar o frio nos envolver. Olho pro pessoal passando na rua, em silêncio, e acho que nenhum deles sabe o rancor que guardo no meu peito. Volto no ônibus cheio em silêncio, e já nem olho para os homens bonitos que passam, eles não notam minha presença e eu já não os noto também. Chego, assisto e durmo, 

sozinho e em silêncio.

Me identifico com a percepção, negativa ao extremo daquele velho bêbado que não conseguia ver nada de bom em ninguém, exceto quando sabia que nunca mais ia ver aquela pessoa. A minha descrença com o próximo é bem parecida. 

E comigo também. Até essa percepção eu registro aqui, sentando numa mesa distante de todos, fingindo me concentrar em algo importante, mas escrevendo sozinho e em silêncio. 

"O problema era que você precisava ficar constantemente escolhendo entre uma opção horrível e outra pavorosa. (...) Por volta dos 25 anos, a maioria das pessoas estava liquidada. Uma maldita nação inteira de desgraçados dirigindo carros, comendo, tendo bebês, fazendo as coisas da pior maneira possível, como votar em candidatos à presidência que os fizessem lembrar de si mesmos." (Charles Bukowski)

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