Foram cem anos.
Um século de noites solitárias, em que todas as feridas se abriam em brasa ardente, uma lancinante tortura que só diminuía lentamente com o nascer do sol. Tudo isso suportado pacientemente para que o amante pudesse novamente encontrar sua amada.
Eis que finalmente se deu o tão esperado encontro. Já não havia mais dor. Depois da aceitação de que aquele rapaz era sua amada, depois de aceitar que não poderia viver sem ele, depois de entender que seu corpo, sua mente, seu espírito, tudo o fazia girar em torno daquele rapaz...
Depois de cem anos, o toque apaixonado, o toque que se encerrou por todo esse tempo, o toque que eles nunca tiveram. O olhar revelando todo o desejo que guardou também. Ambos despindo um ao outro com delicadeza, observando atentamente cada pequenino detalhe de seus corpos. O beijo no lugar onde sua amada levara o tiro, nas mãos que o salvaram, o aconchego no corpo que lhe ensinara o que é o amor.
Depois de um século inteiro de espera, eles finalmente se entregaram, finalmente seu amor pudera se expressar, finalmente puderam conhecer o que significa tornarem-se um só. Como descrever uma noite que demorou tanto a chegar? Que tantas vezes pareceu se perder num céu de negritude? Que era apenas dor e saudade, sem fim?
o carinho de cada toque,
o perfume daquele corpo,
a troca de sorrisos, confiança
a gentil sinergia:
toda aquela espera consumada naquela noite.
Finalmente a espera acabara, os amados se reencontraram.
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