Bastou que eu me levantasse para perceber que algo havia de diferente na atmosfera do dia. Já não sentia mais aquele calor desagradável que fazia quando fui me deitar, e o ar que antes estava pesado agora era apenas uma leve e delicada brisa, que me acariciava o rosto.
Me aproximei da janela e o que vi me encantou, o céu cinza e as delicadas gotas do início da chuva descendo vigorosamente numa profusão de cristais. Eu fechei os olhos e respirei fundo. Meu corpo, maltratado pela secura dos últimos dias, suspirou em alívio ao sentir a mudança na umidade, e o cheiro delicioso da terra molhada despertou os meus sentidos. Fiquei ainda mais atento aos barulhinhos no telhado, e muito satisfeito pela brisa ter se tornado um vento forte e frio.
O sol não apareceu, mas se escondeu timidamente por entre as nuvens grossas, acho que ele também decidiu dormir até mais tarde hoje. O meu professor tinha razão, o tempo, a paisagem, não pode refletir um coração pequeno como o meu, mas o transcende tão infinitamente que o máximo que posso fazer, é refletir no meu coração, a paisagem que me cerca. Tudo o que posso fazer é ficar aqui, olhando esse lindo céu, e quem sabe fazer um pedido, de que as águas do céus me tragam o amado, que tenho certeza, também contempla esse mesmo lindo céu.
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