segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Relato de uma crise de ansiedade

Começo a escrever poucos minutos depois de minha mais recente crise. Que já se prenunciava há vários dias e eu fingi não ser nada...

A ansiedade é como um fantasma, sempre a espreita, nunca vai embora completamente. Por mais que eu esteja bem, as vezes tranquilo, ainda sinto como se ela estivesse sempre me observando.

Já as crises sempre se prenunciam. Dias antes eu começo a receber um tipo de sinal, por assim dizer, que é como uma presença que vai ficando mais e mais forte conforme certos gatilhos são acionados. As vezes eu sinto também um gosto de sangue na boca, que também vai crescendo até me levar ao desespero.

Conforme se aproxima a crise em si, eu vou me sentindo cada vez mais fraco. Perco a fome, simplesmente não consigo comer de nenhuma forma, e isso só piora tudo. Nos momentos das crises eu perco a noção de espaço e de tempo. As coisas vão ficando turvas, tenho dificuldades para entender o que os outros dizem e ainda mais dificuldade para me expressar. A crise em si vem quando tudo se escurece, e não tenho mais forças para ficar num só lugar, o que obviamente não é uma boa combinação. A respiração se vai, e isso me desespera.

E eu fico ali, no escuro que habita nos recessos da minha mente, sem conseguir respirar, apenas chorando desesperado esperando que alguém me resgate... É como um peso no peito que me esmaga, que me aperta, e que me leva chorar. Eu sempre choro. Nesses momentos, tudo o que eu quero é de alguém para me abraçar, me fazer sentir seguro, e não solto, sozinho. Mas ninguém nunca vem, as pessoas se limitam a me olhar com a mesma expressão piedosa que se tem para um cãozinho abandonado na rua.

Talvez porque tudo isso aconteça dentro de mim. Todo esse inferno está dentro de mim, e apenas vaza pelas minhas lágrimas e tremedeiras às vezes. E os outros não podem ver o que se passa no meu coração, só eu posso, e nem eu entendo... 

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