Me permitam ser bastante brega, uma vez mais. Desde cedo descobri que o coração foi feito pra sofrer, para imaginar um milhão de cenários impossíveis e continuar se submetendo a todo tipo de humilhação.
Mas eu já disse isso várias vezes, nada de novo por aqui. Continuo me surpreendendo não mais com a ignorância do outro mas sim com a minha capacidade de continuar aqui. Ouvindo coisas que eu não merecia ouvir, me submetendo a coisas que... Ah, se eu tivesse um pouco mais de culhões sairia dessa situação, mas eu sou patético, covarde, fraco demais para livrar até mesmo do que eu mesmo criei para me machucar.
Claro que recorro então aos vícios que, em certa medida, me tornam ainda mais patéticos, mas que também me fazem mais humano. Eu reconheço a imensidão da minha miséria, sendo a lista de meus pecados a única coisa realmente grande em mim.
Eu continuo aqui. Sem esperança real, mas continuo falando, e ele continua me dando sinais e mais sinais, levantando paredes, muros, proteções, muralhas e campos de força. Não que seja necessário: o universo se encarregou de nos separar. E sim, concordo com ele, é uma estranheza que tenhamos nos encontrado mas... O que isso significa?
Eu também entendo as coisas nas sutilezas, é aí que se escondem as verdadeiras intenções. Eu, no entanto, amo às claras, e grito aos ventos, que Zéfiro e Bóreas levem a ele os meus suspiros de amor, mas aos mesmos ventos eles devem se perder como fumaça.
Então, respondendo a pergunta "quanto tempo o coração leva pra saber, que sinônimo de amar é sofrer?": até o primeiro amor, verdadeiro, não correspondido. Depois disso o homem, se tem realmente os pés calçados na areia da realidade, entende que amar é sempre dor.
Uma voz, no entanto, ecoa timidamente, cantarolando baixinho "maybe this time I win...", mas não, são apenas recessos de uma esperança tosca e um otimismo mentirosos, não há vitória, ao menos não para mim.
Alguns vencem, outros perdem, outros cantam blues... O vencedor leva tudo!
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Aquele exame de consciência foi mais do que apenas uma forma de ajudar você a entender melhor a si mesmo, foi uma forma de colocar limites nas minhas próprias ações pois, cada vez que falar com você, especialmente naquelas noites quando certa lascívia selada em meu peito fruir como água da fonte de toda malícia, terei uma barreira a mais, antes de despejar em você o veneno que corre nas minhas veias.
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"Você entrou na minha vida, mas não como quem faz uma visita curta e improvisada, mas como quem entra em um reino onde todos os rios esperaram por suas reflexões e todas as estradas por seus passos [...] Eu preciso de você, sim, meu conto de fadas. Porque você é a única pessoa com quem posso conversar, seja o matiz de uma nuvem, o tilintar de um pensamento ou o fato de que hoje, quando fui trabalhar, olhei para o rosto de um girassol alto e ele sorriu para mim com todas as suas sementes." (Vladimir Nabokov)
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