sábado, 25 de maio de 2024

Aforismos

"Man Smoking A Pipe", Paul Cezanne

Tentando não sucumbir a loucura de ter a mente rodopiando em pensamentos por outro episódio eufórico. Tentando não falar demais, tentando não fazer mais dívidas, tentando não sucumbir ao corpo cansado, mesmo sabendo que boa parte desse cansaço é culpa minha. Mas eu também não tenho mais disposição para mudar de vida. 

Tentando, estou tentando. 

Será que estou mesmo tentando ou já desisti e só continuo andando por aí como cadáver adiado?

Acho que, na verdade mesmo, eu já desisti de mim há muito tempo. E, por alguma razão, só continuo, mas continuo ser ter para onde ir...

"Matamos o tempo; o tempo nos enterra." (Machado de Assis)

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Fiz um comentário bobo, sei disso, mas ele contém muita verdade. Você sabe disso. Tudo o que tenho a oferecer é amor, é tudo o que tenho, é tudo que restou, e não parece muito. Sinto por isso, queri poder te oferecer mais. Quem sabe algo próximo da aspiração intelectual que tens, queria poder te oferecer isso. Mas não posso, e sei que o que tenho, não é suficiente para você. De que serve esse meu amor? De que servem essas lágrimas? De que serve minhas mãos e meu hálito quente? De que serve esse meu amor? Posso me atrever a sonhar que tenha uma recaída comigo e não apenas em seus sonhos?

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Às vezes ficamos desolados, há momentos em que acreditamos estar no inferno, mas há ainda outras coisas, e melhores. Há três graus:

1° não amar e não ser amado
2° amar e não ser amado (é o meu caso)
3° amar e ser amado

(Vincent Van Gogh, Cartas a Théo)

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Não sei se concordo com Van Gogh, acho que, a essa altura da vida, com tantos dessabores pelo amor, prefiro que não pudesse mais ser capaz de amar. Ao menos evitaria essa dor. Ao menos poderia de fato olhar para o nada sem sentir nada, o nada que sofre por amor é um saco. O nada que se consome por amor é um saco. 

O vazio é um saco, 

mas o vazio sem amor é pior ainda. 

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