quarta-feira, 29 de maio de 2024

Inquietude

Madrugada adentro, a temperatura despencou lá fora, e aqui eu me encontro inquieto, as dúvidas me acordaram num susto depois de um breve instante de sono. Por mais que queira não consigo dormir, elas pulam de um lado para outro como acrobatas num circo. 

O que há de errado comigo? O que há em todos os outros que eu não tenho? O que em mim é tão insuficiente para você?

Não sinto frio, sinto apenas o desolamento brutal de uma alma solitária, a solidão é o vesto que fustiga minha face, que me corta minha pele. Saber que não sou bom o bastante dilacera a minha carne como aço frio, esmaga meus músculos e rasga cada fibra do meu ser que, a esse ponto, só consegue clamar por ti. 

É patético, eu sei, mas cá estou eu, numa madrugada pensando em você enquanto dormes ou fala com outra. E em nada eu sou bom o bastante para você. 

É justo que eu permaneça no escuro? É justo que eu continue sem respostas? É justo que eu continue a caminhar sem destino procurando por você?

Foi uma noite inquieta, atribulada por pesadelos e pensamentos que se mesclaram e, em dado momento, já não sabia o que era sonho ou criação da minha própria mente. Acho que tive febre, perdi a noção das horas e delirei dizendo seu nome baixinho algumas vezes. Quando adormeci brevemente, foi pedindo que não acordasse, ou que pudesse acordar ao seu lado. 

Foi uma noite inquieta, cheia das paranoias que criei, cheias dos sentimentos transbordantes, inflamado de amor, paixão, desejo incontido, inconformado. Agora o corpo paga o preço de um coração que se recusa a fechar-se. 

E você nem imagina não é? O quanto meu coração se inquietou por você. 

"Acolhe-me em teus braços, nas profundezas, acolhe-me nas profundezas." (Franz Kafka)


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