quarta-feira, 15 de maio de 2024

Do vazio que eles não enxergam

Amor, hoje o teu nome
dos meus lábios fugiu
como ao pé o último degrau

Já não consigo mais sustentar a máscara que criei, ela se partiu e agora seus cacos estão partidos pelo chão. Acontece que não consigo mais fingir sorrisos, não consigo mais nem mesmo dizer que tudo vai bem quando, meu corpo e minha mente, se encontram no limite. 

Mas Gabriel, ainda continua no limite mesmo após diminuir o ritmo e de descansar mais? É que, o que eu tenho, não é apenas um cansaço. É um profundo descontentamento com a existência mesma, e isso me causou uma desilusão tal que parece que nada mais vai me devolver a alegria de viver. 

Me lembro de sorrisos alegres, de como mentia para todos, agora parece que finalmente conseguem ver meus olhos apáticos, cansados, vazios, cheios de rancor. Mas todos acham que isso é apenas mau-humor, não é novidade que se enganem, afinal, eu nunca fui visto de verdade, ninguém nunca conseguiu ver que aquele sorriso era, na verdade, uma máscara e que meu olhar distante agora é sinal de uma alma cansada, um coração partido.

Mas eles não entendem, nem de máscaras, olhares, de almas ou de corações. Eles não entendem nada. Então eu, sem máscara, saio e deixo que todos vejam esse olhar opaco, e que interpretem como queiram, já que, não entendendo também de palavras, eles não entendem também o que digo, e que repeti tantas e tantas vezes. 

Até poderia dizer, de novo, que quero um abraço ou algo assim, mas seria em vão. É sempre em vão. Eu não posso te tocar, seu coração pode até bater, mas eu não consigo sentir. Do lá de cá o meu continua batendo, pouco a pouco ficando mais e mais lento.

"Estou cansado, não consigo pensar em nada e quero apenas colocar o meu rosto no teu colo, sentir a tua mão na minha cabeça e permanecer assim durante toda a eternidade." (Franz Kafka)

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