segunda-feira, 13 de maio de 2024

Um vulto

"Sinto que sou ninguém salvo uma sombra de um vulto que não vejo e que me assombra, e em nada existo como a treva fria." (Álvaro de Campos)

Quero ficar quietinho, sozinho, em silêncio, sem absorver nada. Até disse a um amigo que queria me isolar na minha bolha, e apenas isso. Minha mente está em confusão, e não quero pensar em amar, ser amado, e nem nos problemas da paróquia, nada disso, só quero ficar quieto. Até quando? Não sei. 

Vou pegar mais uma caneca de café para me aquecer um pouco, pois finalmente o clima esfriou, mas também meu coração se arrefeceu. 

Primeiro veio a tristeza profunda, depois das palavras cruéis dele, depois a revolta, a violência e, agora, a apatia. Questiono quais partes da minha personalidade realmente preciso melhorar e o que foi injustamente atacado com violência. Mas não chego e nenhuma conclusão ao pensar nisso. O olhar para o nada esperando que algo aconteça, que algo talvez caia do céu, ou nada também. 

Um silencioso protesto do meu ser contra o próprio ser. 

Eles não entendem. Não é que eu esteja nervoso ou algo assim. Também não estou calmo. A questão é exatamente que não estou. 

Apenas estou me silenciando, mais e mais, e me fechando cada vez mais. 

Como explicar a eles então essa ausência do ser? 

Ou seria um peso excessivo do ser?

É, espero que o café me aqueça. 

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