sexta-feira, 10 de maio de 2024

Espera

"Boiam leves, desatentos, meus pensamentos de mágoa, como, no sono dos ventos, as algas, cabelos lentos do corpo morto das águas." (Álvaro de Campos)

Ontem mais uma vez eu dormi pedindo e chorando baixinho que não acordasse, mas cá estou eu mais um dia.

Considero o dia após esses episódios mais agudos como uma espécie de ressaca, algo como uma ressaca moral talvez. Sinto a mente pesada, e é claro que nesses dias parece que as pessoas adivinham e exigem ainda mais de mim. 

Fico ainda mais melancólico que de costume, o que em alguns pontos pode ser uma coisa boa, como perceber o óbvio que vinha ignorando, que todos ao meu redor também estão passando por alguma coisa, e que geralmente não comentamos. Ao chegar em casa eu até noto os semblantes tristes, achei que fosse apenas a crise financeira pela qual temos passado atualmente, mas era mais do que isso, tem uma gama de nuances que eu não tinha percebido e que tem se somado, resultando que todos estão no limite, de algum modo. 

Vejo a depressão, a minha e de outros ao redor, e vejo um mundo cruel. Duro e cruel. Que esmaga todos em sua impiedade. 

E ela me esmagou. Me colocou sob seus pés. 

E não há nada que eu possa fazer, 

além de fechar os olhos, 

em silêncio, 

e esperar que acabe

tudo.

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