sábado, 15 de junho de 2024

Mudando o eixo

Queria seguir os passos do meu professor, o filósofo cujo nome é Sobrevivente, mas basta olhar de relance para mim mesmo para ver que ainda sou um, grande problema, sinal mais do que claro da grande imaturidade que ainda me toma. Estou longe de ser considerado filósofo e, como essa existência parece se comprazer em se estender indefinidamente, ainda tenho um longo caminho a percorrer, rumo a isto. 

Por enquanto tento me livrar do ambiente de constante banalidade em que estou. Mas até essa atenção me incomoda, pois parece que passo mais tempo sofrendo pelas banalidades do que realmente me livrando delas e aprendendo coisas mais elevadas. 

Bom, pelo menos perceber isso já é um passo. Agora me resta conseguir me fiar a uma firmeza de espírito. Preciso aprender a me posicionar, a seguir, seguir. Não vejo, olhando para o futuro, que outra opção tenho além de seguir. Parece ser essa vida a minha condenação, talvez por algum pecado esquecido. 

De todo modo continuo, não surpreso, mas cada dia mais descrente com relação ao outro e as possibilidades do homem. Cada dia acho que somos criaturas mais e mais patéticas. Se perdem em discussões, reuniões e confabulações que passam muito longe do objeto que pretendem tratar. Daí que a mente, e aqui me vejo com uma fraqueza tremenda, se cansa facilmente da quantidade de informações que recebe, mas que não contém em si nenhuma substância real. 

Acho que talvez seja o momento para, não podendo tomar uma decisão com uma força de vontade tão forte, que ao menos possa ir, pouco a pouco, mudando o eixo da minha ação, de modo que minha vontade também seja alterada. Não há muito que eu possa fazer, mas não tendo uma vontade forte e decidida, que eu possa sutilmente provocar uma mudança nela de modo a, mudando então o eixo da ação, provoque também uma mudança na própria vontade. 

Não estou dizendo que aquela data, a que marca o dia em que desisti efetivamente, não seja importante. Mas que talvez não tenha conseguido dar uma guinada como desejaria e, portanto, só posso aos poucos ir mudando agora, em pequenas atitudes. 

Um café de cada vez, respiro fundo e tento me concentrar apenas no perfume que levanta da caneca... Abro os olhos, a vida continua. 

"Foi o último tiro, 
medíocre farsante.
Ele tentou de novo.
Foi quem ele não era. 
Andou por sedutoras trilhas.
Fingiu encenar um teatro grego mas 
era somente um mero espectador 
da própria decadência.
Por fim, dormiu em cama estranha,
querendo nunca mais atuar.
Ele tentou de novo,
ele de novo continua a tentar."

(Eduardo Vespoli Paolucci)

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