As crises alérgicas não têm me dado nenhum descanso ultimamente, e nos últimos dias isso chegou ao nível do insuportável. Meu corpo simplesmente não aguenta mais tanto remédio e nem tanto esforço. Cansado, com os olhos baixos e apáticos, eu simplesmente continuo seguindo, seguindo, mas em direção a quê?
Nem só do desânimo doente venho adormecendo inquietamente nos últimos dias. Também das profundas desilusões da vida, também dos sucessivos fracassos que se contam aos milhares. Também da inconformidade com o ambiente de miséria e mesquinharia que me rodeia.
Ninguém, no entanto, parece perceber isso. É mais fácil creditar tudo a imanência da doença corporal, sendo a espiritual muito pior, mas aparentemente invisível aos olhos.
Continuo, portanto, triste e carente, pensando no quanto gostaria de encontrar consolo nos seus olhos castanhos, suaves e brilhantes, num abraço apertado, apaixonado, onde encontrasse meu coração algum par nesse mundo. Gostaria de me deitar em suas pernas e adormecer pela eternidade.
No entanto, quando penso em você, penso também na distância que nos separa, e não digo apenas da distância física, mas na forma tão distinta de ver o mundo. E não é que eu queira que você visse da mesma forma que eu, mas que ao menos sentisse o amor como eu sinto.
De todo modo vejo então com brutal pessimismo a todos quanto me rodeiam. Penso no que fazer quando chegar em casa e só consigo pensar em dormir, mesmo tendo dormido ontem o dia inteiro, mesmo assim ainda quero dormir.
Que inferno a vida, fico agora uma pilha de nervos, desejando silenciosamente que chovesse fogo de modo a transformar o mundo todo em cinzas.
Não tenho vontade de fazer mais nada além de dormir. Dizem que é sinal de que a depressão avançou. Não quero ler, não quero assistir, não quero conversar e não quero nem escrever nada além dessas páginas. Não quero nada. Não quero...
Como faço para seguir em frente? Eu não consigo te superar. Você não me respondeu e eu também não disse mais nada. Continuo sem uma resposta, mas sei bem que isso também é uma resposta. Eu não devia ter dúvidas, mas continuo confuso quando penso em você.
"Vivia; deixava-me ir ao curso e recurso dos sucessos e dos dias, ora buliçoso, ora apático, entre a ambição e o desânimo." (Machado de Assis)
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