terça-feira, 4 de outubro de 2016

Apenas isso

Acho tão belo o encontro entre duas almas... Quando falam sobre aproximação, logo pensam em sexo, intimidade ou coisas do tipo mas no meu caso, quando penso em aproximação, na maior aproximação possível entre duas pessoas, em penso num abraço.

Sim, um simples e puro abraço que, ao meu ver, é a manifestação do rompimento de todas as barreiras possíveis entre duas pessoas e capaz de aproximar duas dimensões completamente distintas num único plano. Já falei sobre isso várias e várias vezes, mas mais uma vez isso ficou impresso no meu íntimo e precisa ser compartilhado.

Como é bom receber um abraço quentinho, verdadeiro não é mesmo? Simples, sem esforço, sincero. Não é possível traduzir em palavras o quão aconchegante e confortável é o abraço de alguém querido. São só alguns segundos, que transmitem uma infinidade de sentimentos num aperto só.

Me perguto se sou o único a compreender essa linguagem singular. Talvez eu seja o único que entende esses signos tão particulares e para os outros, um abraço não passe de um abraço. 

No entanto, talvez só eu seja capaz de ver ou talvez eu veja algo que não exista e isso é só mais um produto da minha pequena mente distorcida, especializada em me iludir e me enganar. 

O fato é que eu sempre busco essa forma singela de me comunicar com as pessoas. Gosto de entender o que elas sentem de seus braços, despidas das máscaras do cotidiano afinal, num abraço não vemos o rosto do outro, mas sentimos sua alma tocar nosso coração. Por isso acho que um abraço pode sim ser um meio de comunicação. Claro, também pode ser falsificado, mas no geral, revela mais do parece ser. É mais do que um simples gesto de duas pessoas, mais que um cumprimento. É um desnudar da alma que se deixa tocar pelas setas inflamadas de outra alma. Quando o campo da consciência se desfaz e, por um milésimo de segundo, dois universos distintos se chocam dando origem a uma nova dimensão. 

Em momentos assim eu gostaria de não depender apenas de um artificio externo para entender as pessoas. Gostaria de ser capaz de compreender meu próximo só por estar próximo a ele e mais, gostaria de poder tocar o coração das pessoas verdadeiramente. Ir além desse milésimo de segundo e de fato fazer contato com a alma de quem amo.

Mais cedo eu falava sobre isso com um amigo. Não me conformo com os sentimentos que, brotando do íntimo de nossos corações, não conseguem chegar ao coração do próximo. O que falta a nossa comunicação? O que impede as pessoas de se entenderem completamente? Será que o fato de não conseguir tocar o outro com meu coração significa que apenas ainda não consigo amar da forma que devo amar? Se assim for, o que devo fazer pra amar verdadeiramente e assim conseguir entender e ser entendido? É possível amar dessa forma? 

São tantas perguntas e poucas respostas, quanto mais penso, mais dúvidas surgem e menos as respostas fazem sentido. Talvez o meu erro esteja justamente em tentar entender algo que é não é pra ser entendido, apenas sentido. Mas isso é só um talvez, não tenho certeza de nada, acho que tenho quase certeza de que estou confuso, apenas isso. 

Até conseguir encontrar então as respostas para essas perguntas eu devo continuar tentando entender o mundo através do meu abraço. Como uma criança que só desvenda o espaço ao redor por meio das apalpadelas, eu também devo ir tateando no escuro até um dia conseguir compreender de fato as questões que me inquietam...

Enfim, hoje não vim com nada de muito empolgante, apenas algumas impressões que ficaram, por isso hoje venho dizer sobre o valor que tem pra mim um abraço, o momento em que permito que outros segurem em seus braços o meu mundo inteiro, como costumo chamar, um breve devaneio da meia noite, apenas isso.

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