domingo, 2 de outubro de 2016

Imaginação

Dizem que, quando mais perto estamos de alguma coisa, mais difícil fica de ver essa coisa verdadeiramente. A primeira vez que ouvi isso pensei que o ditado estivesse errado, e que na verdade, quando mais distantes estamos, mais difícil fica de ver, mas agora, penso que compreendi o que de fato isso significa: perspectiva! 

Quando nos aproximamos demais de alguma coisa, perdemos aquela visão mais ampla que temos de um ponto de vista mais afastado, logo, somos contaminados por essa visão próxima porém distorcida da realidade. 

Parei pra refletir isso ontem a noite quando pensava sobre o caminho que percorri até aqui, nas muitas mudanças desse ano e da minha vida, enfim. E aí, além da perspectiva, me veio também outro conceito que muito me influenciou, tanto positiva quando negativamente: o da imaginação!

Como uma pesssoa extremamente imaginativa, eu constantemente fico fugindo do mundo real pra me refugiar no meu universo pessoal, onde tenho o "controle" da situação. Eu percebi que passei tanto tempo de minha vida imaginando e sonhando com uma vida e uma realidade melhores que acabei perdendo boa parte do tempo que eu tinha. Viajando, sonhando, me perdendo por entre os mundos que não existem senão na minha cabeça. Com isso meu tempo passou. Minhas oportunidades passaram. E eu passei a vida toda imaginando e sonhando, enquanto a vida de verdade corria na minha frente.

Como um pintor que, buscando fugir do mundo triste que o cerca, busca pintar um quadro de cores alegres e quentes, mas não tenta mudar a realidade que o cerca, preferindo dar lugar a uma visão utópica de felicidade ao invés de tentar de fato ser feliz e assim pintar um quadro alegre que seja sua realidade!

Claro, aqui entra uma questão de opinião, mas eu vejo com pesar agora o tempo que perdi pensando na felicidade, ao invés de tentar ser feliz de verdade.

Mas afinal, algo não é real só porque existe apenas na minha cabeça? Qual o limite entre o real e o imaginário? Pra ser sincero, minha mente ultimamente anda tão distorcida que já não sei mais delimitar o que é real do que é imaginário em muitos casos.

Mas também não quero viver num mundo só de dor e sofrimento. Essa essa confusão tem explicação. Pode parecer infantilidade, mas eu tenho medo, medo de encarar a realidade como ela é, cruel, fria. Isso mostra o quanto ainda preciso crescer, amadurecer. No entanto eu preciso ainda aprender a equilibrar esse meu mundo imaginário com o mundo real. Não sei ainda como vou chegar a esse equilíbrio pois, por mais que encarar a realidade seja necessário, deixar a mente correr livremente é essencial pra mim. Já me sinto constantemente preso numa selva de concreto que me aprisiona e me dá medo. Já me sinto preso num corpo que não reconheço como sendo meu. Minha mente é a única que pode então correr livremente pelo mundo e além, por outros mundos, pois com ela posso criar novas realidades.

Eu posso voar com o vento se quiser, destruir uma montanha inteira com um único soco, ou ser o soberano absoluto numa terra onde a paz foi alcançada. Posso expandir minha mente e abarcar a totalidade da existência onde não há limites pro meu corpo, nem pros meus pensamentos e sentimentos. Posso ser eu mesmo num mundo que me aceite e me entenda.

Sim, prefiro meu mundo imaginário, em terras longíquas de clima ameno e longas paisagens que perdem-se de vista num povo belo, forte e pacífico. Prefiro viver num mundo onde o amor e a compreensão se falam presentes e eu não precise esconder meus sentimentos pois algumas pessoas são incapazes de aceitar que meu amor não é como o delas. Prefiro o meu mundo, e enquanto essa terra continuar a ser dura e cruel com seus filhos, eu continuarei a ser um daqueles que vivem à margem da sociedade, considerado como louco, no entanto, um louco contente, por viver num mundo feliz. O mundo que eu mesmo criei. O mundo da minha imaginação.

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