sábado, 22 de outubro de 2016

O que me dizem as músicas

Que dádiva de Deus... será que há no mundo algo mais belo, mais poderoso e mais profundo do que a música? 

Como estudante da História da Arte, penso que toda forma de expressão é válida, no entanto, ao meu ver, a música é a mais alta forma das expressões da alma, pois para a música não há limites. Não que esses limites tornem as outras formas de expressão inferiores, mas apenas torna a musica ainda mais especial.

A música é de fato uma arte capaz de se comunicar diretamente com a alma, não só de quem escuta, mas também de quem produz. Ela flui naturalmente de dentro para fora, não é amparada pela consciência, muito pelo contrário, é justamente isso que a diferencia das outras artes, ela é amparada justamente pela falta de consciência, pelos ímpetos do inconsciente, que apenas tomam formas, escritas ou não, de forma consciente. Ou seja, escrever musica é uma atitude consciente, mas fazer não. E que beleza não é? Ter a nossa disposição uma forma tão incrível de expressar aqueles afetos mais profundos da alma através dos sons. 

E tantas são as possibilidades quantas são as pessoas que fazem musica, e cada uma é capaz de tocar diferentes corações. A variedade reflete a riqueza dessa grande maravilha. É de se agradecer a Deus permitir ao homem ter contato com tamanha graça justamente por pensar na música como a mais divina das artes pois ela certamente nasceu também do coração de Deus, e assim foi posta no coração dos homens. Impossível ouvir, por exemplo, a Sinfonia N° 1 do Brahms ou a Coral de Beethoven e não sentir algo de divino nessas obras. O mesmo para as Missas de Palestrina ou os Requiem de Mozart e Verdi. Como ter contato com qualquer uma dessas obras e não se convencer de que o próprio Deus se usou desses meios para se comunicar aos homens?

Quantas coisas não podemos sentir ao ouvir uma música? Incontáveis são as sensações que elas provocam em nós. E não me refiro apenas a música erudita... Como não sentir-se excitado ao som de Beyoncé ou como continuar de mal humor depois de ouvir Hatsune Miku? Impossível também não pensar no amor ouvindo Crystal Kay ou não refletir sobre o passado ouvindo os covers de Hitomi Shimatani... 

A música tem dessas coisas... Consegue nos transportar para milhares de mundos diferentes, e nos faz contemplar infinitas paisagens maravilhosas. Como não pensar no universo e suas infinitas belezas ao ouvir as sinfonias de Mahler ou não se sentir caminhando na praia com Silva

E todos tem tanto a nos dizer... alguns compositores doam-se completamente em suas obras que mesmo séculos depois ainda é possível tocar suas almas apenas ouvindo seu som... A angústia alucinada de Tchaikovsky é tangível em sua Sinfonia Patética, bem como o orgulho pela superação da dor que sentimos no Concerto para Piano N° 2 do Rachmaninoff. Sentimentos que atravessam os séculos através das páginas das partituras.

E a música é ainda uma linguagem universal. Em qualquer lugar do mundo é possível ouvir música e, com a sensibilidade correta, é possível compreender as nuances de um som que mesmo distante do que estamos habituados, é ainda a linguagem única da música. Uma linguagem capaz de aproximar as pessoas, a musica nos ensina isso: igualdade, proximidade.

Digo isso pois entendo bem que nem sempre é preciso entender a letra de uma música para compreender a mensagem que ela contém. Não preciso entender o que dizem os idols ao ouvir Super Junior ou Girls' Generation por exemplo, a linguagem universal faz com que no íntimo do meu coração eu entenda o que eles tenham a me dizer, ainda que estejamos separados pelas barreiras culturais e linguísticas, mas nenhuma delas tem poder algum se comparadas ao poder da música. 

Uma música do BTS pode me dizer tanto quanto uma de Chopin ou Penderecki, pois ambos estão unidos nessa mesma linguagem. Por esse motivo as vezes me entristeço com o preconceito que as pessoas alimentam quanto aos estilos musicais. Por via de regra só é aceitável aquilo que gostamos, todo o resto é ruim, estranho, ridículo. 

Alguém que pensa desse jeito não entende a música. Não compreende que a diferenciação entre esse ou aquele estilo é apenas conceitual, no fim de tudo não há esse ou aquele tipo de música, há apenas música. E no entanto as pessoas continuam fechadas em seus mundinhos pequenos, sem deleitar-se com as maravilhas que o mundo da musica pode nos proporcionar. 

É triste que alguém escute apenas sertanejo ou rap e pense ter alcançado o supra sumo das produções do homem. Não desmerecendo esses estilos, apenas salientando a divisão entre eles. Mas certamente alguém que diz que Luan Santana é perfeito, provavelmente vai ficar sem adjetivos depois de ouvir algo como Vivaldi, Mussorgsky ou Celtic Woman. Não os julgo, mas lamento que percam tanto assim.

E há possibilidades para todos os gostos. Eu que por exemplo adoro sons exóticos, tenho ultimamente me deleitado com a música folclorica tailandesa, é simplesmente sensacional, mas qualquer outra pessoa estranharia esse tipo de som. 

Busco sempre quebrar meu preconceito com qualquer estilo musical, e principalmente aqueles de meu próprio país, pois por muito tempo considerei a musica brasileira imensamente inferior a internacional. Hoje em dia aprendi a respeita-la, ainda que continue ouvindo mais internacional mesmo. No entanto, quem diria que eu um dia teria toda a discografia do Caetano Veloso, o brega da Vingadora e até mesmo alguns Funks em minha playlist? Isso só foi possível devido a essa força universal da música, que nos ensina que na verdade não existem barreiras entre as pessoas, nós é que insistimos em criá-las. 

A musica é universal, fala diretamente aos corações, e flui diretamente dele também. É capaz de melhorar nosso humor, nossa vida, nos acompanha nos estudos, na lavagem de carro, nos momentos de tristeza e luto, nas festa, ou simplesmente quando não temos nada para fazer, ela simplesmente nos acompanha e nos alimenta com sua força universal. 

Por fim, eu apenas posso concordar com aquele que disse que "sem música, a vida não teria sentido!"

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