quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Até quando?

E quando você já se cansou de ficar explicando para todo mundo os motivos pelos quais você não está bem? 

Você já está cansado de ficar repetindo que ansiedade e depressão são DOENÇAS, e que ninguém escolhe ser assim, muito menos continuar assim... Há quem pense que isso são sentimentos exagerados, mas sendo uma doença, precisa ser tratada, no médico, e com medicamentos. 

Palavras nem sempre ajudam, mas quase sempre pioram. E pioram muito!

As vezes não precisamos ouvir "Não fique triste, seja mais feliz..." ou coisas do tipo, mas sempre precisamos de uma conversa bacana, um papo simples, sobre qualquer coisa. As vezes precisamos de um amigo bobo, que mande nudes, que mande áudio de 4 segundos dizendo nada com nada, que deixe a conversa fluir pra falar desde a epistemologia da matemática até os looks da Anitta, que sorria por conta de piadas bobas. Ser amigo e conversar com um amigo não é uma entrevista pra um emprego ou numa rádio política, é ser dinâmico, espontâneo. Ta feliz? Bora compartilhar! Ta triste? Bora dividir, tentar se ajudar... Ser amigo é mandar foto do que ta comendo, ser idiota as vezes, deixar transparecer seus preconceitos, seus medos... 

Mas parece que as pessoas não estão mais dispostas a serem amigas. Não tem mais interesse.

E é ai que a gente, que transpira interesse no mundo, encontramo-nos entristecidos por vivermos num mundo onde somos chatos demais. Acabamos virando pessoas grudentas, carentes, só porque as outras pessoas não querem mais se interessar em nada.

Ninguém mais manda mensagem idiota de madrugada, com uma enxurrada de emojis só pra perturbar, porque quer ver o outro sorrindo ao saber que pensamos nele aquela hora.

Ninguém mais reage. Se puxamos assunto, a conversa flui, mas se por um momento esquecemos, deixamos pra lá, deixamos de ser importantes.

Acontece que nem sempre estamos dispostos a ir atrás. As vezes somos a pessoa sentada numa pedra na praia, olhando a lua bater no mar e tomando uma coca gelada. Mas não queremos ficar ali, sozinhos com a luz, queremos alguém pra dividir a coca na luz da lua. 

Não precisa ser um namorado fofo, nem um amante fogoso e incessante. Precisa ser apenas amigo, companheiro, irmão. 

Passamos o ano inteiro pisando uns nos outros. Falando mal uns dos outros. Desejando o mal uns para os outros. E aí, ficamos de abraços e desejos de "felicidades" nas confraternizações. Não quero esse tipo de amizade, não desejo ficar perto desse tipo de pessoa. Se eu não gostava de você em agosto, não vou gostar de você agora, e não vou querer me confraternizar com você, tampouco. Igualmente, se gostava de conversar contigo até as 4h da madrugada de fevereiro, ainda vou querer fazer o mesmo, ainda que tenha de levantar cedo amanhã. Ah, vamo virar logo de uma vez, ai depois a gente toma um red bull e segue o dia!

Podíamos viver o ano todo como se fosse dezembro, pensando nas coisas erradas, tentando melhorar no futuro, sem esperar 12 meses para isso.

Até quando vamos continuar falando só quando algo nos interessar numa pessoa? É um saco só poder falar com quem se quer pegar. Isso é irreal, pois quando passa a pegação, não sobra amizade, não sobra mais nada.

Onde foram parar as pessoas que reclamam do calor como se você pudesse fazer algo para melhorar? Onde estão as pessoas que querem ir pra praça falar bobagens as 23h de uma quarta? Onde foram parar as pessoas que querem se divertir, conversar e brincar, sem necessariamente querer te beijar e te levar pra cama? Será que nos esvaziamos tanto que nos reduzimos a caçadores de sexo? 

Vejo mais prazer numa companhia verdadeira. Se acontecer algo, beleza, mas não é minha prioridade.

As vezes a gente ta tão cansado dessas convenções sociais que nos deixam abobados frente um mundo de interesses, que parecemos nos afastar de tudo e de todos... Claro! É compreensível que num mundo de pessoas superficiais, aqueles que vivem nas profundidades do sentimentos ficarem de fora...  

Mas precisamos mudar isso, e rápido, ou corremos o perigo de nos tornarmos pessoas frias e vazias, que na internet compartilham momentos felizes e alegres, mas que na realidade vivem mergulhadas num pântano de dor e tristeza, e isso não é vida!

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