terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Interior e exterior

Bom, realmente quando algo muda dentro de nós, se torna ainda mais óbvio quando conseguimos externar essa mudança. O exterior costuma refletir o que sentimos no interior, e também o influencia. Costumo pensar que existe uma constante troca entre o exterior e o interior, um influenciando sobre o outro e transformando a totalidade de quem nós somos.

Eu me sinto mudando. Não que já esteja mudado, mas sinto como se passasse pelo fim de um grandioso processo de significativas transformações que já vem durando alguns meses. E isso já vem começando a refletir no meu exterior. 

Não que minha aparência em si tenha mudado, continuo com a pele ruim e com o cabelo por crescer, mas aos poucos, ao me olhar diariamente no espelho, me sinto diferente. As vezes mais bonito, as vezes não, quase sempre mais velho. 

Acho que estou começando a me dar conta da minha idade. Já não sou mais um menino de 15 anos. Tenho 21 (sic!) uma idade que nunca desejei. Nunca quis passar dos 17, e sinceramente, continuo desejando voltar pra casa antes dos 20. Mas isso não é possível. Mudar é inevitável, e eu estou mudando, goste disso ou não!

As vezes me olho no espelho e gosto do que vejo. Percebo que meu cabelo está quase do jeito que quero, que as vezes consigo deixar meus lábios do jeito que acho bonito. Me sinto satisfeito ao me ver e me achar bonito. Outros dias, claro, não gosto do que vejo e sequer saio do quarto por isso. Mas como disse, acho que nesses dias, apenas o meu interior é que não está muito bonito e isso acaba se refletindo no meu exterior. 

Algumas mudanças são propositais. O batom vermelho, as unhas grandes que causam repulsa e estranheza... Por algum motivo ambos são para mim libertadores. Acho que porque me libertam das pessoas que ficam ao meu lado por conta da aparência. E como acho bonito em mim mesmo, continuo usando, ainda que a contragosto da grande maioria. 

Outras são menos perceptíveis, mas eu notei por exemplo que sempre fui muito sensível as pessoas que me cercam, e isso também me fazia mal em muitas, muitas ocasiões. Aprendi que algumas pessoas tem o poder de despertar em mim o meu pior lado, ou que deixam em mim marcas profundas de dor. Essas eu tenho buscado evitar. Me afastar para proteger o meu frágil coração que ainda se encontra em reconstrução. Pode parecer um exagero de autocompaixão mas, se eu não me preocupar com meu reerguimento, o mundo não o fará por mim. 

Também tenho buscado notar quem são os verdadeiros amigos perto de mim. Aqueles que realmente me consideram importante, e não os que apenas me toleram. E ah, quantas descobertas eu tenho feito! Claro, me sentido mais sozinho também, mas ainda assim, mais livre das pessoas que para mim eram importantes mas que para elas eu era apenas um incômodo. Melhor para elas e para mim também. 

Tudo isso são mudanças. 

Aos poucos minha aparência vai se transformando, o cabelo vai crescendo, mais algumas tatuagens vão aparecendo, vou me afastando de algumas pessoas, conhecendo outras. E a vida vai seguindo seu fluxo misterioso. 

Pode ser que amanhã eu decida cortar o cabelo e as unhas, não mais usar roupas coloridas e ir atrás de quem me abandonou, isso também seria uma mudança. 

Mas hoje não, só por hoje eu quero ficar sozinho, pensar em mim e cuidar de mim, coisa que o mundo não fez. Hoje quero ficar aqui quietinho, ouvindo Beethoven e tomando chocolate quente mesmo.

Acho que mereço um pouco de mimo e também mereço aprender que, não preciso me sentir culpado por fazer algo por mim, não é egoísmo, apenas estou tentando evitar que o mundo me mate mais uma vez.

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